terça-feira, 3 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Visita de estudo a Vila Viçosa


Pancake Race - 8 de Abril


Eis a nossa equipa: obtivemos o 3º lugar!

Jessie J - Price Tag



Proposta musical da Mariana Gil

"Somewhere over the rainbow"



Proposta musical da Mariana Gil

Texto Livre

No dia 20 de Janeiro, um dia nublado, a professora de português mandou-nos fazer um texto sobre um tema qualquer, até mesmo em poesia... E eu comecei logo a pensar como iria ser o meu texto livre…Talvez uma aventura, uma descoberta, um resumo de um livro…Queria escrever algo diferente e não me vinha nada à cabeça. Na verdade, ainda tínhamos algum tempo, mas eu não gosto de deixar as coisas para a última da hora. Não é de qualquer maneira que se faz um texto livre… Pois tem-se de pensar no tema, pensar no principio, meio e fim… Também é preciso ter alguma imaginação, coisa que eu não tenho muita… Até que vieram alguma ideias. A minha primeira ideia era fazer um texto sobre um sentimento chamado tristeza: começava por dizer o que era a tristeza; dizia porque é que as pessoas tinham aquele sentimento e em que ocasiões; escrevia alguns exemplos; e, por fim, falava de algumas curiosidades sobre a mesma. Passados alguns dias, tive a ideia de fazer um texto com o seguinte título: “ Estrela de cinema por um dia”. O tema tratava-se de um dia azarento… Mas acabou por se tornar um dia muito bom, pois eu concorreria a um casting para uma peça de teatro e acabava por ganhar. Quando iria começar a encenar perante toda a gente, ouvia um despertador, pois era tudo um sonho… Nenhuma das ideias me parecia genial. Faltava ali qualquer coisa, não sei bem explicar o quê. Todos os dias pensava nisso e pensava, pensava… Mas será que não me vem nada à cabeça? Certo dia, tive a ideia de fazer um texto sobre a poluição para poder alertar as pessoas para o seu prigo . A poluição preocupa-me mesmo, se agora o mundo já está neste estado como irá estar quando eu for adulta? As pessoas não conseguem ver o perigo que o nosso mundo está a correr e que se tudo continuar assim, podemos vir todos a morrer graças ao poder da natureza… Não… Também não me parecia uma ideia brilhante para este texto, embora eu achasse uma ideia interessante. Depois ainda havia o problema do que é que eu iria pôr no texto, pois, algumas das ideias podem ser interessantes, mas nunca tenho muita coisa para pôr no texto. Talvez para a próxima eu fizesse um texto livre com esse tema. Às vezes, o tamanho do texto pode não ser o mais importante, pois, este pode ser muito grande, mas não ter tanta qualidade como um mais pequeno.
Finalmente… Finalmente, eu tive uma ideia que me parecia muito interessante e engraçada. Era fazer um texto com o seguinte título: “ Texto livre”, que falava sobre as ideias que eu tinha para um texto e as dificuldades que eu tinha em fazê-lo. Sim, esta ideia parecia-me bem. Já sabia o que escrever… Às vezes, as ideias brilhantes não vêm logo e é preciso pensarmos, pensarmos… Ou, ás vezes, basta esperarmos, que a ideia vem de repente quando menos esperamos, como foi o caso. E comecei a escrever o texto numa folha de linhas, que servia de rascunho. Demorei cerca de 5 dias e, em cada dia, fazia uma pequena parte. Nos dias que sobravam ia aperfeiçoando. E cá estou eu a passar o texto para o computador… E, de seguida, vou imprimir para o levar à professora. Consegui acabar o texto no prazo. Às vezes, não é preciso pensarmos muito que a ideia vem quando menos esperamos, mas não podemos ficar à espera até que acabe o prazo… Se não, corremos o risco de não entregar nenhum texto livre!

Cláudia Franco

As Aventura de Zé, o paleontólogo

O meu nome é Zé e sou um paleontólogo, para aqueles que não sabem: um paleontólogo é um cientista que possui conhecimentos de geologia e biologia para poder estudar fósseis, para investigar os organismos e os ecossistemas que viveram na Terra há milhões de anos atrás. O meu principal interesse em paleontologia são os dinossauros, e foi isso que me levou a fazer uma viagem ao passado, mais precisamente à era mesozóica, na época em que o nosso planeta era dominado pelos dinossauros………
Capítulo 1 – A viagem no tempo
Eu já tinha estudado vários dinossauros, desde o grande argentinossauro ao pequeno compsognato, mas sentia que ainda faltava alguma coisa, sentia que apesar de tudo, os meus estudos sobre eles ainda estavam incompletos. Por isso, fui ter com meu amigo Pedro, o inventor.
- Tens a certeza de que isto funciona? – disse eu. – Já a testaste?
- Não te preocupes, esta máquina do tempo vai levar – te direitinho à era mesocóica. – respondeu – me.
- Diz – se mesozóica, e não mesocóica!
- Como queiras, mas ouve lá, quantas vezes é que eu te deixei ficar mal?
- Humm … houve aquela….
Mas antes de poder acabar a frase, fui interrompido:
- Nenhuma vez. Agora, entra para ali. – disse o Pedro empurrando – me para dentro da máquina do tempo que se parecia mais com um frigorífico muito estranho.
- Tens a certeza de que vai funcionar? – perguntei um pouco desconfiado.
- Confia em mim.
- É disso que tenho medo.
- Não sejas assim. Vá, é agora. Boa sorte.
- Obrigado. Bem vou precisar.
Depois desta longa conversa, o Pedro começou a carregar numa data de botões e alavancas: alguns piscavam, outros faziam barulhos estranhos e outros faziam coisas tão estranhas que nem sei como explicar. E, de repente, houve um clarão de luz muito forte e só me lembro de ter acordado no meio de uma selva. Levantei – me e começei a andar. Parei junto a uma árvore a pensar, mas fui interrompido por uma voz muito fininha que vinha de trás de mim.
- Olá, tu és novo por aqui, não és?
Voltei – me…..
- AAAAAAAAAAA! – gritei.
Assustei – me tanto que me desequilibrei e caí para trás, mas ao ver melhor reparei que era apenas um dinossauro do tamanho de um franganote.
- Bolas, tu gritas demasiado alto.
- Tu… tu … - disse eu gaguejando.
- Eu….
- Tu….
- Diz de uma vez!
- Tu falas?
- Claro, todos nós falamos.
- Nós?
- Sim, os dinossauros.
- Incrível.
- Eu chamo – me Âmbar, sou um compsognato, e tu és de que espécie?
- Eu? Eu não sou um dinossauro, sou um humano, vim do futuro.
- Pois claro! E eu sou o maior dinossauro do planeta. Posso ser pequena, mas não sou burra.
- A sério!
- Então, prova - o.
- Como queiras. – disse com a voz um bocadinho trémula.
Comecei a ver nos bolsos se tinha trazido comigo alguma coisa, mas não encontrei nada. Olhei de relance para a Âmbar e lembrei – me que estava a usar o meu relógio novo.
- Boa, anda cá.
Ela, muito contrariada, veio ter comigo.
- Vês, não existe disto na tua época, pois não?
- Não. Convenceste – me. Então… vais ficar cá quanto tempo?
Entretanto, na garagem do Pedro, ou melhor, no seu “ laboratório” (como ele lhe costuma chamar):
- Consegui, consegui, eu consegui enviar o Zé para o Futuro! – disse ele muito feliz.
Até que……
- Ora bolas. Esqueci-me de inventar uma maneira de o trazer de volta, será que ele já descobriu?
E, nesse momento, o meu sorriso desapareceu…
- Não, não, não!
- Que foi, o que aconteceu?
- O Pedro esqueceu – se de inventar uma maneira de eu voltar para casa…. - - disse eu preocupado e com lágrimas nos olhos.
Houve um momento de silêncio, eu e a Âmbar não sabíamos o que fazer.
- Bem, se vais ficar cá precisas de um sítio onde ficar – disse ela tentando animar-me.
- Tu tens casa?
- Oh… casa tinha, mas agora não tenho.
Capítulo2 – A Força Aérea dos Pteranodontes
- Então, porquê? – perguntei intrigado.
- Foi a Força Aérea.
- Existe uma Força Aérea?
- Ah, esqueci-me que não és desta época. A Força Aérea é formada por pteranodontes. Eles estavam fartos de ninguém ter medo deles ou nem sequer repararem quando eles passam, então formaram a F.A.P. e roubaram a minha casa atirando pedregulhos sobre mim.
- Pedregulhos?!
- Sim, disseram que se eu lhes desse a minha casa paravam, mas se não desse, continuavam.
- Mas como é que era a tua casa? Deve ser especial para eles a quererem.
- A minha casa é dentro de uma árvore oca, tinha uma cama, muito parecida com um ninho, feita de paus e de erva fofa, perfeita para um pteranodonte pôr os ovos, e também era muito espaçosa, acho que foi por isso que ma roubaram.
Olhei para a Âmbar e vi como estava triste, então, decidi que tinha de fazer alguma coisa.
- Então, vamos recuperá – la!
- O quê? Mas isso é impossível! Eles vão bombardear-nos com pedregulhos tal como me fizeram.
- Mas eles não podem fazer isso e ficarem impunes. Anda, vamos ter com eles.
- Vai tu, eu fico aqui.
- Mas eu não sei onde fica a tua casa.
- Ah, pois… Então eu vou contigo, infelizmente.
Já estávamos perto da árvore oca quando a Âmbar parou:
- A minha casa fica ali, atrás daquela árvore. Eu fico aqui à espera, isto é, se não te importares? – disse ela com uma voz desanimada.
- Eu não me importo, se tens medo podes ficar aqui, mas eu prometo que não vou desistir de tentar recuperar a tua casa.
- Obrigada.
E lá fui eu, confiante, com coragem na alma, até que... passei pela árvore que a Ambâr tinha indicado.
- Cruzes! Nunca vi tantos dinossauros juntos – disse eu, mas lembrei-me do que tinha prometido à Ambâr.
E, sendo assim, avancei. Mas mal dei um passo ouvi:
- INTRUSO, INTRUSO, DESCARREGAR BOMBAS!
- Esperem, esperem! – disse tapando a cabeça com os braços pensando que ia começar a chover pedregulhos. – Eu quero falar com vosso chefe.
Para meu espanto, não aconteceu nada, levantei o olhar e vi um pteranodonte à minha frente.
- O QUE É QUE QUERES DA NOSSA CHEFE?
- Primeiro, podes parar de gritar? Acho que estou a ficar surdo.
- Oh, desculpa.
- Deixa lá. Bom, continuando, o que eu quero da vossa chefe é confidencial.
O pteranodonte olhou para mim como quem não quer a coisa e disse:
- Segue – me.
E, assim, foi, eu segui-o. Admito que fiquei com um bocadinho de medo, mas tinha que o superar.
- Chefe, está aqui um dinossauro muito estranho que quer falar consigo, mando- -o entrar?
- Sim. – disse uma voz grossa e imponente.
Entrei….
- Bom dia… - disse timidamente.
- O que é que queres?
- Bem, Senhora chefe da F.A.P. … Eu queria saber se podia devolver esta casa a quem a roubou …
- Tu vieste aqui para gozar comigo? – disse ela no meio de duas gargalhadas estridentes.
- Não.
- Tu ainda não percebeste? Nós somos conhecidos por roubar.
- E é por isso que querem ser reconhecidos?
- Como assim? – disse ela coçando o bico.
- Não preferiam ser reconhecidos pelos vossos actos de simpatia ou de ajudar outros dinossauros?
- Nunca tinha pensado nisso …
- É melhor que ser reconhecido por roubar, certo? – disse eu com expectativas.
- Certo. Mas e agora o que é que eu faço com todas as coisas que roubei?
- É fácil, basta devolvê - las.
- E depois? – disse ela confusa.
- Depois começas por tornar a F.A.P. numa coisa boa, ou seja, uma coisa de que ninguém tenha medo.
- Acho que já percebi! – esboçou um sorriso. – E vou começar por devolver esta casa.
- Eu posso entregá-la à dona.
- Obrigada. Agora acho que é melhor tapares os ouvidos.
- Porque é que eu tenho que …
Mas antes de acabar a frase, foi interrompido:
- RETIRAR TROPAS! VOLTAR PARA CASA VERDADEIRA!
- Acho que já percebi… - disse eu ainda atordoado.
E, num piscar de olhos, todos os pteranodontes levantaram voo. Eu voltei para trás para contar a novidade à Ambâr, mas quando cheguei ao sítio onde tínhamos ficado não a vi.
- Onde é que ela foi.
De repente, senti um puxão nas calças. Olhei para baixo…
- Âmbar! O que é que fazes aí em baixo?
- O que é que te parece! Estou – me a esconder dos pteranodontes, eles levantaram voo.
- Isso foi porque eles voltaram para a verdadeira casa, e vão devolver tudo aquilo que roubaram.
- Então… quer dizer que eu tenho a minha casa de volta?! – disse ela toda entusiasmada.
- Sim.
- Maravilhoso, fantástico, incrível. Muito obrigado, Zé!
Capítulo3 – À procura de comida
- Uau. A tua casa é muito espaçosa, até eu consigo caber aqui – disse eu ao deitar – me no chão ao lado da cama da Âmbar.
- É verdade. Olha, quando nos conhecemos tu falaste num Pedro, quem é ele? – disse ela bocejando.
- O Pedro é um amigo meu do futuro. E foi ele que me mandou para aqui.
- Hum… Ok. Agora vamos dormir, já é tarde. Boa noite, Zé.
- Boa noite.
Mais tarde, ainda nessa noite...
- Zé … estás acordado?
- AHHH … que foi?
- Sabes, não quero ser má, mas ainda bem que não te foste embora e agradece ao Pedro, quando chegares.
- Porquê?
- Porque sem ti, nunca tinha recuperado a minha casa, e não sei bem porquê, mas eu sinto que já te conheço há tanto tempo!
- Isso normalmente acontece quando dois amigos têm um laço muito forte que os une.
- Óptimo! Agora é melhor dormirmos. Amanhã temos muito que fazer.
Entretanto, na garagem do Pedro:
- Eu não posso dormir! Tenho que pensar. Pensar numa maneira do trazer de volta. Eu… tenho que…. ZZZZZZzzzz!
No dia seguinte, eu estava a ter dificuldades em acordar:
- Zé, acorda! – gritou – me a Âmbar aos ouvidos.
- Só mais cinco minutos mamã, depois vou para a escola.
- Eu não sou tua mãe e também não sei o que é uma escola, mas sei o que daqui a pouco vai estar na tua cara.
- Pronto, pronto... AHHH… Já acordei não é preciso usar violência.
- Boa, agora levanta-te porque temos que ir procurar comida.
- O quê? Mas tu não tens comida?
- Bem, digamos que acabou. Agora, preferes peixe, erva ou carniça?
- Isso pergunta - se? Peixe, é claro!
- OK! Então vamos até á praia para pescar.
Quando lá chegamos, eu vi uma das coisas mais bonitas que já vi: um mar tão azul como uma safira, rochas das mais variadas formas, conchas de várias cores ao longo da costa e peixes com um ar delicioso, apesar do aspecto bizarro.
- Bem, já sabemos onde estão os peixes, mas como é que os vamos pescar? – disse a Âmbar ao mesmo tempo que o seu estômago rugia reclamando que ainda não tinha tomado o pequeno almoço.
- Já sei! Usamos uma cana de pesca.
- Boa! O que é uma cana de pesca?
- Uma cana de pesca é um pau com um fio, que na ponta tem um anzol e isco para atrair o peixe.
- E onde é que arranjamos uma coisa dessas?
- Arranja uma corda ou um fio ou, então, uma liana bem forte que eu trato do resto.
Passado um bocado, já a Âmbar me tinha dado uma liana, eu tinha arranjado um pau comprido e uma minhoca.
- Vês, isto é que é uma cana pesca. Agora é só atirar a minhoca para o mar e esperar que o peixe morda a liana.
- OK. E isso vai demorar muito?
- Depende, olha, eu vou subir para aquela rocha ali com uma espécie de espinhos para ver melhor onde estão os peixes.
Subi para a rocha, e ao sentar - me ela começou a tremer.
- QUEM É QUE SE ATREVE A INTERROMPER A MINHA PESCA?!
- Es … es …. Espinossauro! – gritei.
- QUEM?! – disse o espinossauro pondo – se de pé.
SPLASHH
Ouviu – se enquanto eu caia na água.
- Zé! – gritou Âmbar correndo para a água.
- Uahhh! Espinossauro, espinossauro! – disse eu pondo a cabeça de fora, tentado ir para a margem.
- Âmbar? És tu? – disse o espinossauro de repente.
- Marco?
- Há quanto tempo, não é?
- Sim, o que é que fazias curvado dentro de água? – disse Âmbar sorrindo.
- Espinossauro… assustador… - disse eu chegando, sem fôlego, à margem.
- Oh, Zé! Este é o Marco, um velho amigo meu.
- Desculpa lá pequenote, não te queria assustar.
- Não querias, mas conseguiste fazer-me molhar as calças, e olha que não é água! – disse ainda com o coração aos pulos.
- Bem, o que é que eu posso fazer para te compensar?
- Não me podes comprar um relógio novo … portanto …Já sei! Podes apanhar peixe para nós, que achas, Âmbar?
- Parece - me bem – disse ela.
- Então, que assim seja. – disse o Marco virando – se para o mar.
Passado um bocado, já o Marco tinha apanhado meia dúzia de peixes e eu já tinha um na boca.
- Tens a certeza… de que não … queres peixe, Âmbar? – disse eu no meio de duas trincas no peixe que estava a comer.
- Deixa estar, eu prefiro carne.
- Bem, eu vou continuar a pescar – disse o Marco.
- E nós vamos à procura da carne para a Âmbar tomar o pequeno-almoço.
- Boa! Adeus, Marco! – disse a Âmbar pondo – se de pé.
- Adeus pessoal. E prazer em conhecer – te Zé.
- Adeus! – disse eu correndo atrás da Âmbar que estava com um bocadinho de pressa ( um bocadinho é favor).
Depois de ter passado um bocado a correr atrás da Âmbar, disse:
- Pára um bocadinho!
- Vá lá, já não falta muito.
- Para onde? – disse com receio.
- Bem… existe um dinossauro que tem carniça do melhor que se pode encontrar, só há um problema.
-Qual? – disse eu hesitando.
- É que esse dinossauro é… um tiranossauro.
- O quê?! Eu não me vou suicidar!
- Vá lá, faz isto por mim, por favooor. Sim? – disse ela suplicando.
- Está bem. – respondi (muito contrariado).
- Boa. Ele vive ali – disse ela apontando para uma caverna.
- Tem mesmo um ar acolhedor…
- O plano é o seguinte…
- Vamos morrer! – disse eu interrompendo – a.
- Não, não vamos. Continuando… tu entras na caverna e atrai – lo cá para fora, eu entro e roubo a carniça.
- OK, só mais uma coisa, foi um prazer conhecer-te.
- Pára com isso! Agora, vai lá.
Fiz o sinal da cruz e lá fui eu. Entrei na caverna cautelosamente, mas não fiquei muito tempo: passado um bocado estava eu a sair da gruta a correr e a gritar ( é verdade eu grito como uma menina) enquanto um tiranossauro corria atrás de mim.
Entretanto, Âmbar esgueirou – se para dentro da gruta, pegou num pedaço de carniça e saiu a correr. Eu, infelizmente, andava ali a correr de um lado para o outro com uma boca cheia de dentes a crer provar o meu sabor.
- Zé, depressa, esconde – te, já a tenho! – gritou a Âmbar.
Eu, por pouco, não perdi uma perna (ou mais), porque rapidamente, quando o tiranossauro se distraiu com o grito da Ambâr, saltei para um arbusto e escapei.
- Tu és louca. Eu nunca, mas nunca mais volto a fazer isto! – disse eu sentando – me.
- Obrigada, Zé. Agora já estamos em segurança, ele voltou para casa.
- Pois…
- Que é que tens? – disse ela tirando a carniça da boca.
- Bem, agora que tu falaste em casa eu lembrei – me da minha.
- Oh!....
- Âmbar…
- Que é?
- Como é que eu volto para casa? – disse eu baixando a cabeça.


Ana Lúcia

”O Rapaz com o Livro em Branco”

12 de Julho de 1973. Faltam 3 dias para o Afonso fazer os seus 9 anos. Afonso Campos é um menino de 8 anos, que tira as melhores notas da turma, apesar de não ter amigos na escola. O pai morreu quando ele tinha 3 anos e tem uma irmã chamada Júlia com 4. Afonso faz parte de uma família paupérrima constituída pela a avó, a mãe e a irmã do Afonso. Esta vive num casebre perto da costa este da Califórnia. Esta família tem uma pequena quinta com cerca de 1 hectar2 onde planta todos os anos batatas, cenouras e outros vegetais imprescindíveis à família Campos.
-Treliimm, treliimm.
-Cala-te por favor! – dizia Afonso na manhã de quinta-feira – Só quero dormir mais um bocado.
Afonso acaba por se levantar e vestiu a roupa: 1º a camisola às riscas azuis e brancas remendada que costuma levar todos os dias, a seguir vestiu as habituais calças castanhas de bombazina com buracos irremediáveis nos joelhos, e por último, calçou as frequentes botas de couro, ruçadas e apertadas do tempo.
Depois Afonso toma o exíguo pequeno-almoço de pão torrado com manteiga e leite branco e frio. De seguida, este apanha o autocarro escolar onde vai sempre de pé, pois ele mora praticamente na última paragem, logo o autocarro já vai cheio. O autocarro é amarelo sujo com listas pretas quase invisíveis do tempo, as portas mal fecham provocando durante todo o caminho uma brisa fresca ou até mesmo às vezes fria de mais. O caminho era cada dia mais longo e interminável. Ao chegar à escola dirigia-se a uma árvore posicionada no canto do Grande Pátio onde escrevia uma história enquanto esperava pelo toque de entrada.
-Triliiiiiimmmmm, triliiiiimmmmm.
Afonso estava sentado no canto superior esquerdo onde nunca ninguém se lembrava dele e onde a ‘stôra’ lhe ligava menos importância.
-Triliiiiiimmmmm, triliiiiimmmmm.
Às 17:20, tocava novamente, mas desta vez era o toque de saída que soava intensamente pelos corredores sombrios e abandonados da escola já velhinha dos anos. Apanhava agora o autocarro escolar das 17:30 onde havia 50% de hipóteses de ir sentado, mas eram raras as vezes em que não ia de pé, eram cerca de 1 em 100. Afonso após sair do autocarro, tinha ainda de percorrer cerca de 20 minutos de caminho por terrenos desertos, onde se viam apenas árvores. Este chegava a casa pelas 6:20.
Agora tinha apenas tempo para fazer os trabalhos de casa, jantar, vestir o pijama e ir para a cama, nada de lazer pois o tempo era escasso.
E esta era a rotina que Afonso seguia todos os dias até ao dia 15 de Julho de 1973, que, se ainda não referi, era dia de lua cheia. Tudo aconteceu como normalmente, mas ao chegar a casa estranhamente tinha uma encomenda acompanhada de uma carta que dizia no sobrescrito:

De: Desconhecido
Endereço: Desconhecido

Para: Afonso Dias Campos
Endereço: 8057, Airway Road, San Diego, - California, United States


Afonso decidiu inspeccionar bem o sobrescrito antes de o abrir, por duas simples razões: 1º Tinha remetente desconhecido e morada desconhecida e 2º era raro receber tanto cartas como encomendas. Após examinar o sobrescrito decidiu então abri-lo para ler a carta que continha no interior. A carta dizia:

Querido Afonso, sei que tens tido uma vida difícil e exaustiva, e é por esta razão que decidi presentear-te com prenda de aniversário que penso que vais gostar e que te vai interessar. Desejo--te um bom aniversário e até para o ano.

Ah, a propósito, dá um título ao que está dentro do embrulho. Espero que gostes da Prenda!!!

Afonso estava numa grande exaltação que era capaz de contagiar qualquer pessoa.
Ele não resistiu à tentação de abrir o embrulho amarelo com bolas pretas e vermelhas refulgentes. Logo pelo embrulho, Afonso viu que devia ser maravilhoso o presente que parecia ter vida própria e querer sair daquele embrulho sufocante. Afonso depressa rasgou e amachucou o papel e o que provocara todo aquele entusiasmo era um livro com apenas uma linha na capa com umas aspas avermelhadas dos dois lados. A capa era de Papel Couchê Brilhante que reluzia ao brilhante Pôr-do-Sol. A lombada do livro era estranha, parecia engelhada do tempo, era como se aquele livro já existisse há anos ou até mesmo há séculos. Afonso decidiu então folheá-lo e reparou então que o livro estava completamente em branco, branco como a neve, branco, branco como as nuvens. Ele folheou-o de novo, esperando encontrar agora palavras, ou até mesmo só traços, ou só pontos, tipo pontos finais, mas nada, o livro estava branco, branquinho, estava até mais branco que as coisas brancas. Parecia acabado de fazer por dentro e velho como a TV a preto e branco.
-Afonso - gritava a mãe da cozinha. - Vem jantar!!!
-Vou já, mãe!!! – gritou Afonso mais contente que nunca.
Afonso comeu rápido e sem dizer uma única palavra, voltou ao quarto rapidamente sem que ninguém desse por isso. Decidiu, então, começar a escrever uma história no novo livro. Afonso retirou uma das suas canetas do estojo e começou a escrever, mas conforme ele escrevia, tudo se ia apagando, como se a caneta não tivesse tinta. Ele tentou, tentou mas nada. Lembrou-se até de deitar o livro no fogo da lareira, pois, aquele livro de nada fazia. O livro apenas aquecida, mas não ardia, era como se estivesse sobre um feitiço de bruxas e feiticeiros.
Estava na hora de deitar e Afonso colocou o livro em cima da cadeira de ferro e de madeira. Vestiu o pijama e deitou-se esperando acordar e viver outro dia. Afonso durante a noite, teve um sonho fantástico como se fosse sem fim e em que o mau nunca mais era vencido.
Pela manhã o despertador toca novamente:
-Triliiiiiimmmmm, triliiiiimmmmm.
Mas hoje Afonso já estava acordado, vestido e cheio de excitação e. Ao calçar as botas, desequilibra-se e cai contra a cadeira, o livro cai e, dentro do livro, vêem-se montes de letras, de palavras, de frases, de parágrafos, de tudo o que se podia imaginar, e tudo a relatar a história que Afonso tinha concebido durante o seu sono.
Afonso cai espantado com tudo o que se passara com ele nos últimos dias. É como se tivesse entrado num conto de fadas mágico e ele fosse o protagonista de todo o conto. Estava contente e espantado, mas ao mesmo tempo, estava receoso.
Voltou a reviver o habitual dia mas, desta vez duma forma diferente, desta vez ele revivera o dia contente.
Chegou a casa, fez os TPCs, jantou, vestiu o pijama e deitou-se, esperando que tornasse a acontecer aquilo que acontecera na noite anterior.
Acordou de manhã e ao folhear o livro, lá estava tudo escrito outra vez. E esta rotina foi-se repetindo todos e todos os dias. Passaram-se meses desde que recebeu o livro, mas este nunca enchia, sempre que se esgotavam as folhas, estas tornavam-se mais finas e multiplicavam-se produzindo mais folhas, e fazendo com que o livro tivesse a mesma espessura.
15 de Setembro de 1973. Afonso regressa à escola depois de umas longas férias de Verão e, adivinhem, o Afonso passou de ano, ele passou do 3º para o 4ºano, mas não com as mesmas notas, pois com aquele conto todo, Afonso andara mais num mundo fictício do que no mundo real. Afonso apercebeu-se que isto não podia continuar e decidiu acabar com tudo. Após matutar muito, quando Afonso chegou a casa, pegou no livro e dirigiu-se ao rio perto de sua casa. Ao chegar ao local, despediu-se e atirou o livro ao rio. O livro flutuou seguindo o leito do rio, até deixar de se ver. Afonso voltou a casa pensando no que realmente tinha feito. Ao entrar no seu quarto, reparou que o livro estava poisado na sua cadeira de ferro e madeira completamente enxuto. Foi então que Afonso descobriu que o livro estava destinado a ser para sempre escrito.
Afonso reviveu novamente a rotina diária que fazia normalmente. Mas um dia, quando acordou de manhã, viu o livro trancado com um cadeado, como se estivesse terminado e seguro para sempre, e tinha escrito na linha o título que lhe tinha dado na sua imaginação. O título do livro era:

Henrique Alves

"O Espanta-Pardais" (Continuação)

“Ao ouvir estas palavras Espanta-Pardais estremeceu. Depois gaguejou:


-Ah… Da Estrada Larga!... Conta-me o que viste lá.”

-Bem, para começar, a Estrada Larga é uma terra encantada, não uma estrada, mas há lá uma estrada larga mágica e foi ela que deu nome á minha terra.

-Conta mais! -pediu Espanta-Pardais.

-Lá havia flores de todas as cores, rios cujas águas tinham diferentes sabores, por exemplo, o rio laranja sabia a sumo de laranja.

-Mas porque um “havia”? -perguntou cheio de curiosidade

-Pois! Agora como o nosso rei morreu, sucedeu-lhe o seu irmão. Ele não gosta de flores, árvores…; por isso, mandou todas as ovelhas e térmitas comerem a madeira das árvores. Agora, a Estrada-Larga está toda destruída.

Vim à procura de uma pessoa disposta a “combater” contara o nosso rei (foi o mago de Estrada-Larga que me mandou).

-Eu sei de uma pessoa ideal para esse trabalho: eu! Não há mais ninguém aqui!. Disse entusiasmado Espanta-Pardais.

-Podes vir mas…

-Tinha de haver um “mas”, diz que sim e vamos embora! -desabafou Espanta-Pardais.

-Sim, mas como é que tiramos, se estás “pregado” ao chão! -perguntou Maria Primavera.

-Escavas um buraco e levas-me num carrinho de mão- respondeu apressadamente.

E assim o fez. Meteu-o num carrinho de mão e fizeram-se á estrada.

-Por um pequeno passo começa-se uma grande viagem! -disse Maria Primavera.



Continua…

                                                                                                           Lina de Jesus

 

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Estrada Larga (continuação da história)

-Ah!...Da Estrada Larga!...conta-me o que viste lá.
-É tão linda! – começou a Maria-Primavera. – A estrada reflecte a luz do sol, tornando-a luminosa. Sabes, nem vale a pena saber o seu destino. A estrada já é o destino. Algumas pessoas pensam que no fim da estrada há o fim da inocência, outros pensam que há o paraíso e ainda há aqueles que pensam que para lá da estrada não existe nada. A estrada é como um rio e, nas margens, existem árvores. Árvores essas que guardam ninhos: ninhos de pássaros e pombas brancas. São os pássaros da paz, da bondade e da Primavera. Repousam lá o dia todo, acariciados pelo sol e pelos ramos verdes e florescentes das árvores.
Ainda há as árvores douradas. Dizem que nelas existe toda a riqueza do mundo. Há também os campos das flores do amor. Quem se deita lá fica apaixonado pelo céu e pela vida. A estrada ensina-nos a não ficar presos num lugar. A seguir em frente e a não sentir ódio pelos outros, apenas a desfrutar da existência, da beleza e da poesia da vida.


Pedro Vidigal
Atenas, Grécia, 2 de Agosto de 2009

Queridos Pais,

Tem sido muito divertido passar o tempo com a avó e com os primos aqui em Atenas. Tem estado um calor de matar aqui: cerca de 45º, no mínimo.
Já visitámos várias ruínas e ilhas gregas. Visitámos umas que se chamam “Pedaços de Hércules”. Têm uma história interessante: conta a lenda que a mulher de Hércules ciumenta matou-o, cortou-o em pedaços e mandou os mesmos para o mar. Dizem que as Ilhas são esses pedaços. Daí a cor avermelhada da areia e das rochas.
Como estava a dizer, já visitámos vários sítios, mas o que nos apetece é estar na praia. Passamos a maior parte do tempo nela, a nadar no cristalino, azul e quente mar Egeu. Costumamos também apanhar conchas e búzios. Há muitos aqui. Também já andámos de Katamaram e muitas outras coisas.
As noites são divertidas. Há sempre festa ou algum espectáculo no Clubmed. Já até tomamos alguns banhos na praia de noite.


Adeus!
Com amor do vosso filho, Pedro.




Pedro Vidigal, nº 28, 6º 3.

A carta

Covilhã, 18 de Fevereiro de 2011

Olá, primo João e Luís,
Como vão vocês os dois?
Como está o tempo aí em Lisboa? A chover, até aposto. Bom, o tempo por aqui também não está muito diferente. Quero dar os parabéns ao João pelo 16 no teste de Matemática e, Luís, fico contente por teres passado de ano (chii, já não nos vemos mesmo há muito tempo). Estou a brincar. Fico contente pelas boas notas que, segundo a minha mãe, tu tiveste.
Nos últimos tempos, cá em casa, nada tem acontecido para além da compra da minha guitarra nova, a visita dos amigos do Porto e o passeio na Serra da Estrela. Eu tenho estado bem e tenho tido boas notas e espero que vocês também.
Um abraço para vós, para os vossos pais, para o Gil e para o primo Zé.

Manel Amoreira

PS: João, ouvi dizer que vais ter outro teste de matemática. Se tiveres, passa por cá. Ok?

We are the World - Michael Jackson, Ray Charles, Diana Ross, Bob Dylan,...

São Miguel Dos Gémeos



São Miguel dos Gémeos é uma pequena freguesia onde em tempos havia apenas uma capelinha dedicada a S.Miguel Arcanjo.
Diz uma lenda que junto a essa capela viveu um lavrador rico que cuja mulher deu á luz um par de gémeos monstruoso, pois nasceram com duas cabeças, quatro pernas e um só ventre. O casal teve um grande desgosto, tanto mais que foram os únicos filhos que lhe nasceram. Apesar de tudo, estas crianças foram-se criando e, desde muito pequenos, mostraram um amor profundo pelo campo. Por isso, dando tempo que viveram; trinta anos, seguido a lenda – trabalharam na agricultura, porem tendo um carinho inexcedível pela terra e pelas plantas.
Conta-se que na era em que morreram uma das cabeças faleceu três dias antes do resto do corpo. Nessa altura, os pais, que como já disse não tinham outros herdeiros, fizeram um testamento no qual legavam todos os seus bens à capela de S.Miguel, com a condição de se ficar chamado de S. Miguel dos Gémeos, em memória daqueles filhos estranhos e disformes que tinham tido.


“Lendas Portuguesas”; edição Multilar; autores Alberto Santos (investigação e textos de recolha)

Cristiano Cardina

Lenda da lagoa escura



De temer, mas linda era a lagoa escura. As águas enegrecidas permitiam um andarilhar sem fim da imaginação… ouve-se que está ligada ao mar, povoada de monstros… Era, então, que o escuro escurecia mais e assegurava a possibilidade de todas as crenças.
- Guarda muitos tesouros. Tantos que desafiavam a pobreza e quem por lá passa, bem queria aventurar-se… Mas poucos se atrevem. O risco de desaparecer para sempre aconselha a recuar.
- Também lá está um palácio!
-Contam que lá, no fundo, vive um rei muito, muito rico. Usa uma capa cravejada de diamantes. Vendeu sete cidades – SETE - para a poder pagar!
Eram preços com o sabor do impossível e as vozes tentavam:
- Se alguém conseguir fazer entrar no palácio uma cabra negra, na hora do sol a pino, será o senhor deste e de outros tesouros…
- Quais? Que tesouros?
- Os que queiras imaginar. Esses e muitos mais!
Assim povoada, a Lagoa Escura, temia-se, respeitava-se e venerava-se.
As raparigas, às vezes, à tardinha, aproximavam-se… Esperam um momento de solidão junto da água… Afasta-se uma, espreita outra, aproxima-se aquela…
Por causa da moura?
Sim. Da moura encantada que vive na Lagoa. Procurou refúgio na Serra da Estrela para um amor proibido. Os montes, as fragas seriam muralhas seguras para defender a sua felicidade. Esqueceu os ventos que levaram as suas vozes de ternura até aos ouvidos da Deusa Má, mensageira do infortúnio. Enraivecida, não permitiu que os fados se cumprissem: impediu a união entre a linda moura e um lusitano cristão. Roubou ao jovem a vida; depois arrastou para a Lagoa Escura o sofrimento e o pranto da donzela… As águas escurecem ainda mais, de tanta tristeza.
A moura lá está. Vive à espera de um guerreiro que a liberte da clausura, da solidão. Senhora de um grande amor guarda a esperança de poder renascer. As moçoilas da Serra querem avista-la e – quem sabe? – consolá-la, ouvi-la contar a sua história. A moura quer libertar-se... Por isso, quando um jovem mergulha nas águas da Lagoa, confronta-se com a angústia e a confiança da linda moura. Ansiando pela liberdade, chama, agarra, prende porque crê que é chegado o seu salvador.
E todos os que ousaram nadar naquelas águas, garante-se, desapareceram por um tempo sem fim. Um tempo medido pela duração da traição. A moura, sabe-se, não encontrou ainda o seu libertador…
Senhora de um amor infeliz é a confidente das jovens, das pastoras. Ali vêm, à tardinha. Imploram auxílio para desocultar caminhos onde possam viver amores felizes.
O sofrimento da moura ensinou-a a ouvir.
O conflito, na Lagoa mantém-se: entre a Deusa Má do infortúnio e a senhora do amor.
Por isso as águas da Lagoa Escura continuam escuras, tristes…


José Manuel Leiria Amoreira Nº16 Turma: 6º3

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lenda da Boidobra

http://padroeiraboidobra.com.sapo.pt/boidobra.htm


Numa pequena povoação nos arredores da Covilhã, um sacristão prendeu uma corda ao badalo do sino maior da torre sineira da Igreja em honra de Santo André, para não ter de subir a sua escadaria para o toque das ave-marias.

Certo dia um boi que seguia em direcção ao curral, ficou com um dos cornos preso à argola onde terminava aquela corda. E quanto mais puxava para se soltar mais puxava a corda que fazia tocar o sino.

Alguns moradores do lugar que ali estavam gritaram “Boi dobra!” achando que talvez era um milagre dos Céus.

E foi assim que aquela pequena povoação de Santo André do concelho da Covilhã se passou a chamar Boidobra.



António José Santos
6.º3 - N.º5

Uma gruta de Jasmins

No vale dos montes, viviam duas meninas irmãs: uma mais nova chamada Jasmim e a mais velha chamada Maria. As duas irmãs viviam sozinhas numa casa modesta, por fora, mas acolhedora por dentro.
A casa encontrava-se à beira de um pequeno lago com águas límpidas e potáveis. Nas águas do lago, habitavam pequenos peixes cheios de cor e brilho, mas que a Jasmim lhe parecem pequenas sereias com muita conversa a pôr em dia.
Maria a sua irmã, sempre lhe disse que a sua cabeça boiava nas águas da imaginação, sobretudo quando sonhava à noite.
Os sonhos de Jasmim, às vezes, pareciam bem reais, mas era apenas o cérebro de Jasmim a dar luz à imaginação.
Num dia igual aos outros, Maria acordou bem cedo e disse para Jasmim:
- Hoje, vamos fazer um passeio à gruta com que sonhas!
Jasmim ainda com os olhos meio fechados, fica intrigada com o que Maria acabara de dizer, porque sabia que a tal gruta era imaginação dela.
Maria explicou-lhe melhor e disse-lhe que tinha pesquisado em folhetos e vira o nome da gruta com que ela tinha sonhado.
Disse-lhe também que a gruta tinha um segredo e só as pessoas que se atreviam a ir lá, teriam a melhor aventura de sempre.
Jasmim ficou logo com a energia toda, mal podia esperar para ir lá.
Tomaram o pequeno-almoço e foram preparar o lanche, um cobertor, garrafas de água e um mapa para não se perderem. Assim que acabaram tudo, saíram de casa e respiraram fundo para apanhar o ar da manhã. Seguiram caminho pelos caminhos de terra.
Pelo caminho, apanharam flores de todos os tipos, para fazerem ramos de flores para a casa ficar perfumada.
Depois de terem andado uns minutos, pararam para beber um pouco de água. Aproveitaram também para se sentarem na erva, ainda um pouco húmida visto que ainda era de manhãzinha.
Voltaram a andar e Maria disse que já não faltava muito. Depois de terem virado à esquerda avistaram a gruta muito brilhante o que deixou Jasmim curiosa. Entraram e Jasmim espirrou e, logo a seguir ao espirro, um alto eco repetiu-o.
A sua irmã riu-se porque Jasmim tinha feito uma cara estranha quando ouviu o eco.
Começaram a sentir frio quando estavam a meio da gruta, mas não sabiam de onde vinha e o que o fazia. Aperceberam-se do que era quando viram um riacho rodeado de jasmins. Nesse mesmo lugar, uma placa dizia para apanhar um jasmim com pétalas azuis.
Apanharam o jasmim e abriu-se uma porta muito colorida. Por de trás dessa porta, havia milhares de flores de todos os tipos e cores. Jasmim, ao dar um passo em frente, carregou num botão que dava acesso a um escorrega de flores.
Foram por aí abaixo e foram dar a uma fonte de cristais. A água da fonte tinha sabor a jasmins; à volta da fonte havia enormes cristais a cintilarem como se tivessem sido polidos. Nesse mesmo local estava um banco feito se jasmins. As duas meninas sentaram-se no banco, e ao sentarem-se o banco deu meia dúzia de voltas e foi parar a um jardim.
O jardim tinha as mais raríssimas plantas que alguma vez podiam existir, havia plantas de rubis, plantas de colares, plantas de quarenta flores diferentes e uma árvore que dava água de rosas.
As duas meninas, ao verem tudo aquilo começaram a apanhar aquelas flores maravilhosas, mas ao pé da árvore estava um aviso que dizia: “ Tenho gosto em dar-vos tudo, mas não mostrem a ninguém.”
Maria e Jasmim respeitaram o aviso e apanharam tudo o que podiam.
Já eram 6:30 e Maria disse que tinham de ir para casa, mas que Jasmim, em sonhos, podia imaginar o resto da aventura.



…Continua…




Mariana Gil Nº21 6º3

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O rapaz que tinha todo o vazio nos olhos

Capítulo II- À realidade


Por mais que me esforce, ainda não consegui imaginar o nada. Nada é o vazio, é o sem coisa alguma. Não faz sentido. O que eu quero dizer é: o que vemos num mundo em que só habita o nada? Qual é a cor do nada? Qual é a cor do sem cor? É engraçado eu em toda a minha curta vida ter o nada à minha frente, estampado nos meus olhos como a tinta fresca que surge quando acabamos de pintar uma parede. E, mesmo assim, ainda não descobri a cor do nada. O que eu via à minha frente era o preto. E o preto não é o nada, porque pode ser a morte ou simplesmente ser o preto. Tentamos ver a realidade da nossa mentira, e vemos o nada. Mas isso é outra coisa…

Mentimos para disfarçar o incómodo e a angústia do nada que é a realidade.


Caminhavam os dois naquela estrada que parecia não ter fim. Quando chegaram ao fim da estrada, encontraram uma caverna. Apesar do receio (pois as paredes da caverna estavam cobertas de teias de aranha), entraram.
-Filho, – disse a mãe. – entrámos na caverna. Está muito escuro. As teias enrolam umas coisas esquisitas – a mãe ia continuar, mas quando viu que essas coisas eram animais mortos enrolados em teias de aranha, deu um passo atrás.
-O que foi, mãe? – perguntou Matt.
-Não é nada. – mentiu ela.
Continuaram a caminhar pela caverna, quando algo inesperado agarrou Matt. Na verdade, era uma aranha gigante, e, por muito aterrador que isto fosse, era ela que capturava aqueles animais que estavam nas teias.
-Mãe! O que é isto?! Larga-me! – gritou Matt aterrorizado e em desespero.
Foi então que a mãe tirou uma navalha do seu bolso e a espetou na aranha. O mais nojento foi que começou a sair um sangue verde da mesma.
- Meu Deus, que nojo! – disse a mãe, com muita repugnância.
Depois de muito caminharem, encontraram uma abertura muito estreita nas paredes da caverna. Apesar de muito justa, era capaz de caber uma pessoa do tamanho da mãe. Foi o que fizeram. Entraram os dois na fenda, deram alguns passos e foram parar a uma espécie de salão. No tecto do salão, havia um buraco, por onde entrava um raio de sol. Mas este sol era como a brisa que havia na estrada. Morto e triste. Mas o mais espantoso é que havia debaixo desse raio de sol um gato gigante. Se ele tivesse em pé, possivelmente, não cabia lá, mas estava deitado a dormir.
- Filho, está um gato gigante a dormir aqui – disse a mãe, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
- A sério? Posso tocar-lhe?
- É melhor não. – respondeu a mãe. – Podes acordá-lo.
Não foi preciso tocar no gato, aquela conversa acordou-o. Os seus olhos verdes reflectiam o raio de luz parecendo dois diamantes.
-O que fazem aqui? – rosnou o gato.
- Desculpe, se… - ia dizer senhor, só que vendo bem as circunstâncias em que se encontravam, reformulou. – Quer dizer, senhor gato. Somos exploradores, não tivemos a intenção de acordá-lo.
O gato olhou-a de uma maneira esquisita, como se tivesse com dificuldades em percebê-la.
- Ah! Está bem, não faz mal. Vá, subam para o meu dorso. Vamos dar uma “volta”.
Os dois recearam.
- Tem a certeza? – perguntou a mãe, procurando ser o mais delicada possível.
- Sobe e cala-te.
O gato, apesar do seu ar autoritário, era bastante engraçado. Os dois subiram, com alguma dificuldade. Tocaram no pêlo do gato, que era muito macio. Como o gato não podia sair dali e não cabia claramente na fenda, com uma patada, derrubou as paredes da caverna e estavam outra vez ao ar livre. Mas agora não estavam na estrada, muito pelo contrário, estavam num terreno de erva macia, e o ar era outra vez normal. O gato correu muito, com os dois no dorso, até que chegou a um precipício. Mas o gato não parou de correr, e agora estavam ambos a cair.
- AAAAAAAAAH! – gritaram.
Mas o mais incrível é que o corpo do gato, por magia, ficou mais elegante e do pêlo nasceram asas, e agora estavam ambos a voar sobre CrunshLand. Voaram sobre o mar e viram sereias, subiram mais e viram as planícies e os vales. Conseguiram avistar a sua casa, as montanhas e os lagos (um deles chamava-se “O lago da baleia maldisposta”) e por fim pousaram em terra.
- Fiquem aqui, é perto da vossa casa. Adeus! – despediu-se o gato.
- Adeus, vemo-nos mais tarde! – disseram eles, em uníssono.
E assim o gato foi-se embora, a voar, desaparecendo na linha do horizonte.
Passou um ano. Mãe e filho viveram muitas aventuras. Mas foi numa manhã, que a vida deles mudou para sempre…
Matt acordou, preparado para um dia normal, quando viu à sua frente alguma coisa. Não interessa o que ele viu, porque estava no seu quarto. Interessa é que “ele viu”. Mesmo sendo o seu quarto normal, depois de estar 11 anos cego, as cores parecem muito mais forçadas. E foi o que aconteceu. Tal como aconteceu à mãe na aventura das flores, agora as cores percorriam as suas pupilas. Foi tal o choque, que caiu, causando muito barulho. Mas o choque ainda agora tinha começado. Entrou pela porta uma mulher. Tinha os cabelos loiros, mas não aquele loiro bonito. Era um loiro triste, de um amarelo pálido. A sua cara tinha muitas rugas, e era uma cara de uma mulher não muito velha, mas desgastada pela vida.
- Matt o que se passa? – disse a mulher.
Matt ficou de boca aberta. Aquela era a voz da sua mãe. Aquela era a sua mãe.
- Estou a ver… – foram só precisas aquelas duas palavras para a mãe parecer preocupada.
Nos seguintes dias, não o deixou sair de casa. Na quinta noite, ela explicou porquê.
-Matt, tenho que te explicar uma coisa. É tudo mentira. Toda a tua vida é uma mentira.
-O quê? – perguntou Matt, muito confuso.
-CrunshLand é uma mentira. O que eu te descrevia não era verdade. Não vivemos em nenhum mundo mágico. Sou escritora, e as aventuras que tínhamos, descrevia-as no papel. Mas isso não interessa. Explico-te já agora, porque bastaria sair de casa para entenderes. Mas quero-te explicar que mesmo que tudo não exista, existe na tua imaginação. Também queria dizer que vivemos no planeta Terra. Quer dizer, na verdade tu não existes.
-Como assim? – perguntou Matt, com os olhos cheios de lágrimas por causa de tudo aquilo.
-Não! Existes. – disse a mãe, acompanhada de um pequeno sorriso. – Mas no papel não existes. Não tens identidade. Porque se tivesses tinhas que ir á escola, falavas com outras pessoas, e essas acabariam por te dizer que vivemos no planeta Terra, e isso tudo de CrunsLand era mentira.
-Não… - agora as lágrimas ensopavam os seus olhos. – Não pode ser! Não me podias ter enganado! Eu confiei em ti!
A mãe suspirou e saiu do quarto. Não queria contar as coisas daquela maneira. Mas mais tarte ou mais cedo, ele ia acabar por descobrir.
Passou uma semana, e ele não saía da cama. Recusava-se a comer e chorava um choro silencioso e de muitas lágrimas. Foi então que acabou por sair da cama, percorreu o corredor da sua casa. Parou porque viu um quadro em forma de rectângulo na parede. Nesse quadro, havia um rapaz, de cabelo preto, cara pálida e cujos olhos eram carregados de um enorme vazio. Levou a sua mão à cara e reparou que o quadro fazia a mesma coisa. Fez alguns gestos, e o quadro continuava a seguir os seus movimentos. Pensou muito, e chegou à conclusão que aquele era um espelho e o rapaz era o seu reflexo. Era a primeira vez que se vira a si próprio.
Quando saiu de casa, viu pela primeira vez o seu mundo verdadeiro. Era composto por prédios cinzentos, as pessoas vestiam-se de roupas escuras e olhavam-no com muita admiração e preconceito.
Sem dar importância a isto, começou a correr. Correu tanto que agora já não estava numa rua com prédios, mas sim num campo aberto. Continuou a correr. Corria por frustração, tristeza, desilusão ou esses sentimentos todos. Continuou a correr, até que chegou ao precipício e caiu. “Caiu, caiu, caiu”… Parecia não ter fim. Acabou por cair em terra, causando um impacto tão grande que acabou por morrer. Estava rodeado de pessoas que o observavam apavoradas com todo aquele sangue.
O mais espantoso foi que Matt mergulhou em sonhos. E no seu sonho, caíra sob o gato peludo e grande, onde nasceram asas, tal como da outra vez. E juntos voavam a caminho do horizonte e desapareceram no pôr-do-sol, deixando todo o vazio que tinham na terra.

Pedro Vidigal

O rapaz que tinha todo o vazio nos olhos

Capítulo I- Da fantasia


Estava deitado na cama, quando a minha mãe foi lá ter. Sabia disso porque quando ela entra nalgum sítio, faz barulho.
- Mãe – comecei eu – Tu dizes que vieste de um planeta chamado “Terra”. Como é esse tal sítio?
- Não tem nada de especial. É triste, cinzento. As pessoas são arrogantes e não respeitam as diferenças. Há loucura, há maldade. Mas há uma coisa quase tão maravilhosa como os seres que habitam à nossa volta.
- O quê? – perguntei eu, com uma certa ansiedade.
- É o amor. O amor que as pessoas têm umas pelas outras e como isso se reflecte nas acções. Também se pode chamar “compaixão”.
- Mas aqui não há?
- Sim, há – disse ela. – E está mais perto do que tu imaginas.


Matt era um rapaz diferente. Ele era cego. Tinha os olhos brancos como o leite que tomamos ao pequeno-almoço. Ele podia ter sofrido se vivesse no planeta Terra. Mas não, ele vivia numa ilha que ninguém conhecia chamada “CrunshLand”. CrunshLand era uma terra para além da nossa imaginação. Habitavam nela seres fantásticos e plantas bizarras. Mas ele era cego e por isso não podia ver. Mas a mãe dele, que tinha sido uma exploradora, não era cega. Tinha vindo do planeta Terra. E contava-lhe tudo o que os seus olhos não podiam ver. E Matt, apesar de não poder observar e ver as plantas e os animais, ouvia e sentia. E em CrunshLand, ele e a sua mãe tiveram imensas aventuras…
Estavam a caminhar, um caminho sem fim. A mãe prometera-lhe que iam a um sítio especial e magnífico.
-Mãe, falta muito? – protestou Matt.
-Já chegámos. Meu Deus, estou sem palavras.
-Conta! – pediu. – Como é?
- Há uma planície infinita de searas verdes. Só que nelas está reflectido o Sol , por isso são douradas. No ar, paira uma brisa suave, mas algo maravilhosa. Estás a sentir? No ar também há partículas de pó que reflectem o sol causando um efeito magnífico. Há também algum nevoeiro e…
Ela ficou espantada. De repente, o nevoeiro diluiu, ao sabor do vento. E a paisagem ficou totalmente diferente. Uns bocados de solo pairavam no ar, flutuando e, sobre eles, encontravam-se moinhos velhos, mas que ainda funcionavam. Deitavam fumo, mas não era um fumo negro. Tinha as cores do arco-íris. Era como um quadro de um pintor louco, mas com uma imaginação e bondade enorme. E isto não era a coisa mais espantosa que havia em CrunshLand…
A ilha não era muito grande, mas tinha lá todas as estações do ano. Podia estar a nevar num extremo da ilha e, no outro, estar um sol radiante. Ela e o Matt caminharam entre as montanhas cheias de neve, passaram por uma floresta em que as árvores eram negras, e, por fim, chegaram a um parque muito estranho e colorido. Não era bem um parque, mas mais uma espécie de canteiro com flores gigantes. Havia muitas variedades: orquídeas, amores-perfeitos, rosas, tulipas... Mas todas eram do tamanho de árvores, porém, sem perder a delicadeza. Só havia uma orquídea murcha, mas, mesmo assim, ainda se notavam alguns tons de branco.
Ela já tinha feito uma longa descrição deste colorido e maravilhoso cenário. Foi então que reparou que no ar havia umas partículas curiosas - assim uma espécie de poeira – a deslizar no ar, fazendo formas frágeis que se desfaziam e voltavam a unir. Quando observou melhor, viu que nessa poeira havia uma espécie de insectos, só que tinham uma cabeça parecida com a dos humanos. Eram fadas, só que não se notavam muito bem porque eram minúsculas, de modo que se confundiam com a poeira. Eram elas que faziam aquele som angustiante, muito baixinho e idêntico ao barulho de guizos.
-Mãe – disse Matt. – Este som está-me a irritar. Vamos embora?
Dito isto, voltaram para casa, percorrendo aquele grande caminho outra vez. Como o Matt era cego, não sentia, mas aquele lugar era tão vivo e colorido que a cor das flores ainda percorria as pupilas dela, causando um certo cansaço e dor na sua vista.
Quando Matt fez dez anos, a mãe achou que era altura de lhe mostrar o sítio mais assustador e misterioso de CrunchLand. Ela só se tinha atrevido a ir lá duas vezes, sem nunca levar o Matt. Situava-se no outro lado das montanhas que definiam o limite da ilha. (Isso era o que pensavam, porque do outro lado havia esse sítio). Era composto por cavernas e árvores tão negras, que visto de longe parecia uma mancha preta.
Quando chegaram viram pela frente uma estrada, que em tempos tinha sido da cor do carvão, só que agora estava tingida pelo sangue. Na berma da estrada é que se encontravam as tais árvores negras, que balançavam devido a uma estranha brisa no ar. Não era como a suave brisa da Primavera, esta era morta, sombria e carregada de um enorme remorso e angústia.
Apesar daquela atmosfera medonha, os dois encheram-se de coragem e atravessaram a estrada…

Pedro Vidigal

O Punhal de Osíris


Osíris


Outrora existiu uma cidade, no meio do deserto e era lá que o punhal de Osíris se encontrava. Este possuía a capacidade de conceder um desejo, então, todos os aventureiros de todos os cantos do mundo foram tentar buscá-lo, mas mal eles sabiam que para o ter teriam de percorrer uma enorme e difícil travessia, pois, tratava-se um caminho que foi construído com armadilhas mortais pelos antigos Egípcios, mas ninguém sabia onde se encontravam.
Numa pequena parte da cidade, encontrava-se um rapazinho que se chamava Júlio de cabelo loiro, olhos azuis, altura média e tinha cerca de 15 anos. Um dia ele estava com o seu irmão a pastar o gado nos vastos campos, quando a certa altura, viu algo à distância: parecia ser uma entrada para o subsolo. Então, ele começou a andar até lá chegar e quando conseguiu, viu escadas em direcção a uma imensa escuridão onde apenas algumas tochas iluminavam o caminho até ao Templo de Osíris. Então, como ele era bastante curioso, aventurou-se e desceu-as. Quando pisou o último degrau, ele deparou-se com dois machados gigantes que balançavam dum lado ao outro da parede. Então, Júlio rapidamente pousou na solução, pôs o seu cajado no meio deles e, assim, os machados pararam e ele pôde prosseguir. Após dois minutos de caminho, encontrou uma espécie de puzzle: começou a mexer as peças que não eram imagens. Depois de realizado, o puzzle funcionava como uma pista a dizer: “Se conseguires passar daqui, encontrarás um espaço de dor. Então terás de olhar para cima e daí em frente terás de descobrir o resto”.
Enquanto andava, Júlio começou a pensar naquilo que iria enfrentar. Então de repente, viu uma grande sala com três estátuas de deuses Egípcios: Rá, Anúbis e Ísis com uma torre a segurar o punhal de Osíris, mas à sua frente, estava aquilo a que o puzzle se referia, mas não ser exactamente o que dizia, pois, havia um grande buraco com ferros extremamente ferrugentos e afiados. Então, Júlio lembrou-se da frase e reparou que no tecto havia um desenho em forma de um rectângulo. Ele começou a pensar como havia de passar. De repente pegou num pau e espetou-o entre a parede e o rectângulo, moveu-o para a frente e foi aì que apareceu uma ponte que o levaria até à torre. Quando aì chegou deparou-se com muitos degraus que rapidamente subiu. Assim que chegou ao cimo, pegou no Punhal e, no momento em que o retirou do seu lugar, as paredes começaram a desmoronar-se. Então, Júlio pegou nele, correu o mais rápido que podia e dirigiu-se para a saída. Assim que aí chegou, a entrada para o subsolo desabou e só restou o silêncio. Ele não sabia qual a importância do punhal: dirigiu-se ao seu irmão que estava a guardar o gado e mostrou-lhe o punhal para ver se ele o reconhecia. O seu irmão disse-lhe que não e que talvez o pai o ajudasse. Correu em direção à cidade onde o seu pai se encontrava e ele disse-lhe o que tinha na sua posse: o Punhal de Osíris. Explicou-lhe ainda, que com, ele poderia ter ou fazer o que quisesse: bastava desejá-lo. Júlio era um rapaz muito inteligente e depressa soube qual a atitude correcta a tomar: reconstruir oTemplo de Osíris para dar a conhecer ao mundo a maravilhosa história dos Egípcios.

Renato Lourenço

Umas férias diferentes

Eu fui passar as férias a um sítio diferente dos anos anteriores. Quando cheguei, a primeira coisa a fazer foi: alugar uma casa perto da praia.
Quando fui à vila ter com o meu guia, reparei que não havia “actividade” nenhuma na vila: as pessoas olhavam-me com um ar bastante esquisito.
Parece que o azar caiu sobre mim: o meu guia constipou-se.
Curiosa, fui ter com um idoso que lia o jornal da semana passada. Perguntei-lhe:
-Posso falar consigo?
-Sim. Claro! – respondeu. – Vamos para aquele bar. Lá, podemos falar à vontade.
Falámos, falámos… e, finalmente, perguntei-lhe:
- Porque razão esta vila está tão deserta? E quando aparece alguém, me olha de uma maneira esquisita?
-Bem, há muito tempo que esta vila está aterrorizada por causa de um fantasma que existe na casa que alugou. Esclarece-a?
-Sim. Obrigada.
Quando cheguei a casa, senti um arrepio. Subi as escadas e… adivinhem o que vi: vi um fantasma.
De manhã, fui ter com meus novos amigos: o João, a Ana e o Pedro. Fomos para a minha casa, para lanchar. Estávamos a ver televisão quando:
-UHUH…
-Vamos ver o que se passa lá em cima – disse o João.
-Ai... vamos?! – perguntou a Ana.
-Se quiseres podes ficar cá em baixo – disse eu.
Lá fomos. Inesperadamente, vemos o fantasma a atravessar paredes, e o que ouvimos?
-AHAH… Socorro!… - gritou a Ana subindo as escadas apavorada.
- O que se passa? – perguntámos em coro.
- Ouvi gritos na arrecadação – respondeu apavorada.
-Tem calma, vamos ver o que se passa! – disse o Pedro.
Quando chegamos lá, o que vimos foi…

…continua…

Lina Jesus
Nº18

A árvore é um ser vivo


Se um dia tiver que cortar uma árvore, devo-lhe pedir desculpa. Não sei que significado tem essa frase, mas vou respeitá-la.
“Não tenho árvore de natal, vou a um pinhal arranjar uma”-pensei.
Quando cheguei, vi uma árvore perfeita: ”Vou levá-la para minha casa”-pensei.
Cheguei ao pé dela e perguntei-lhe:
-Tens frio?
-Sim – respondeu.
-Queres vir para minha casa num vaso? Lá estará muito mais calor.
-Aceito. Mas com uma condição: nunca me abandonarás.
-Claro! Vamos.
Quando cheguei a casa, enfeitei-a, tratei-a com muito amor e carinho. Tornámo-nos as melhores amigas.
E, assim, respeitei um ser vivo, passei o Natal em boa companhia e o Espírito de Natal veio ao de cima!


Lina Jesus
Nº18

O Desejado

Em 1578, naquele dia de nevoeiro em Alcácer-Quibir, D. Sebastião abriu os olhos e reparou que a batalha tinha acabado. À sua volta viu muitos homens caídos. Eram os seus militares mortos ou moribundos. Levantou-se com esforço e começou a caminhar sem destino certo.
Durante dois dias e duas noites, D. Sebastião caminhou orientando-se pelo Sol e pela Estrela Polar, pois sabia que tinha de ir para Norte.
Depois de tanto caminhar, deixou as areias do deserto para trás e encontrou mercadores que também iam para Norte.
Não se distinguia dos mouros porque a sua pele estava escura devido ao Sol e à sujidade acumulada.
Ele ia com medo.
Só conseguia comida pedindo-a mas fingindo que era tonto e mudo para não se denunciar.
Finalmente, chegou a Tânger onde ficou por 2 anos.
Não se sabe como conseguiu, finalmente, meter-se num barco que o levou até Málaga. Aí, quase já se sentia em terra cristã.
Apressado, apanhou caminhos de mercadores para quem ia fazendo uns trabalhos em troca de comida e transporte.
A sua grande vontade era voltar para Portugal, de onde tinha ouvido notícias preocupantes: D. Filipe II, rei de Espanha, tinha invadido a sua terra. Tinha que decidir qual era o melhor lugar para passar a fronteira.
Decidiu entrar pelo Algarve, pois, não queria encontrar-se com espanhóis que patrulhavam as fronteiras alentejanas.
Bem tentou convencer que era D. Sebastião mas os algarvios são pessoas demasiado desconfiadas e só pensaram que ele fosse um louco.
Mas a certa hora, quando já estava desanimado, apareceu-lhe um covilhanense, de nome António, que lhe ofereceu boleia na sua carroça carregada de laranjas.
Puseram os cavalos bem a trote, pois, tinham ouvido que D. Filipe ia proclamar-se rei de Portugal.
Chegados a Santarém, o covilhanense, em troca a prometida recompensa, deixou de ir para a Covilhã e orientou os cavalos, a toda a brida, para Tomar.

Aí chegados, D. Sebastião, sempre seguido pelo covilhanense, procurou as Cortes.
À entrada, como os guardas impediam a passagem, não restou outra solução senão atacar com as laranjas.
Aproveitando-se da confusão gerada, D. Sebastião entrou e, aos gritos, conseguiu parar a coroação.
- Não há necessidade de coroar um novo rei, muito menos espanhol, porque eu estou aqui. Sou D. Sebastião, el-rei de Portugal!
Passados três minutos de silêncio, todas as Cortes se levantaram e ouviram-se grandes vivas a el-rei D. Sebastião.
E foi, assim, que em Portugal teria deixado de existir “O Desejado”.
E a Covilhã ficou com mais uma família nobre.



António José Santos
N.º 5 - 6.º3

O meu Natal

Este ano gostava de passar o Natal em casa da minha avó paterna, já não a vejo há muito tempo. Também gostava de ver o meu tio Victor e a minha prima Rita; a última vez que a vi ela era ainda um bebé.
Gostava que estivéssemos todos na sala com a lareira acesa, a conversar e a rir à espera que chegasse a meia – noite para abrir os presentes.
Uma prenda que eu gostava de receber era uma “Nintendo” nova, a minha já tem algumas partes partidas e só funciona ligada à corrente, mas se não for possível, não faz mal. Estar com a minha família toda reunida era o melhor presente que se podia ter.
Além disso, o Natal não significa receber prendas ou apenas comer rabanadas e outros doces. O Natal significa amor, passar tempo com a família e matar saudades.
Além disso, não é o quentinho da lareira que nos aquece, mas sim o quentinho dos nossos corações, o quentinho do amor que existe dentro de nós.

Ana Lúcia