terça-feira, 3 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Visita de estudo a Vila Viçosa


Pancake Race - 8 de Abril


Eis a nossa equipa: obtivemos o 3º lugar!

Jessie J - Price Tag



Proposta musical da Mariana Gil

"Somewhere over the rainbow"



Proposta musical da Mariana Gil

Texto Livre

No dia 20 de Janeiro, um dia nublado, a professora de português mandou-nos fazer um texto sobre um tema qualquer, até mesmo em poesia... E eu comecei logo a pensar como iria ser o meu texto livre…Talvez uma aventura, uma descoberta, um resumo de um livro…Queria escrever algo diferente e não me vinha nada à cabeça. Na verdade, ainda tínhamos algum tempo, mas eu não gosto de deixar as coisas para a última da hora. Não é de qualquer maneira que se faz um texto livre… Pois tem-se de pensar no tema, pensar no principio, meio e fim… Também é preciso ter alguma imaginação, coisa que eu não tenho muita… Até que vieram alguma ideias. A minha primeira ideia era fazer um texto sobre um sentimento chamado tristeza: começava por dizer o que era a tristeza; dizia porque é que as pessoas tinham aquele sentimento e em que ocasiões; escrevia alguns exemplos; e, por fim, falava de algumas curiosidades sobre a mesma. Passados alguns dias, tive a ideia de fazer um texto com o seguinte título: “ Estrela de cinema por um dia”. O tema tratava-se de um dia azarento… Mas acabou por se tornar um dia muito bom, pois eu concorreria a um casting para uma peça de teatro e acabava por ganhar. Quando iria começar a encenar perante toda a gente, ouvia um despertador, pois era tudo um sonho… Nenhuma das ideias me parecia genial. Faltava ali qualquer coisa, não sei bem explicar o quê. Todos os dias pensava nisso e pensava, pensava… Mas será que não me vem nada à cabeça? Certo dia, tive a ideia de fazer um texto sobre a poluição para poder alertar as pessoas para o seu prigo . A poluição preocupa-me mesmo, se agora o mundo já está neste estado como irá estar quando eu for adulta? As pessoas não conseguem ver o perigo que o nosso mundo está a correr e que se tudo continuar assim, podemos vir todos a morrer graças ao poder da natureza… Não… Também não me parecia uma ideia brilhante para este texto, embora eu achasse uma ideia interessante. Depois ainda havia o problema do que é que eu iria pôr no texto, pois, algumas das ideias podem ser interessantes, mas nunca tenho muita coisa para pôr no texto. Talvez para a próxima eu fizesse um texto livre com esse tema. Às vezes, o tamanho do texto pode não ser o mais importante, pois, este pode ser muito grande, mas não ter tanta qualidade como um mais pequeno.
Finalmente… Finalmente, eu tive uma ideia que me parecia muito interessante e engraçada. Era fazer um texto com o seguinte título: “ Texto livre”, que falava sobre as ideias que eu tinha para um texto e as dificuldades que eu tinha em fazê-lo. Sim, esta ideia parecia-me bem. Já sabia o que escrever… Às vezes, as ideias brilhantes não vêm logo e é preciso pensarmos, pensarmos… Ou, ás vezes, basta esperarmos, que a ideia vem de repente quando menos esperamos, como foi o caso. E comecei a escrever o texto numa folha de linhas, que servia de rascunho. Demorei cerca de 5 dias e, em cada dia, fazia uma pequena parte. Nos dias que sobravam ia aperfeiçoando. E cá estou eu a passar o texto para o computador… E, de seguida, vou imprimir para o levar à professora. Consegui acabar o texto no prazo. Às vezes, não é preciso pensarmos muito que a ideia vem quando menos esperamos, mas não podemos ficar à espera até que acabe o prazo… Se não, corremos o risco de não entregar nenhum texto livre!

Cláudia Franco

As Aventura de Zé, o paleontólogo

O meu nome é Zé e sou um paleontólogo, para aqueles que não sabem: um paleontólogo é um cientista que possui conhecimentos de geologia e biologia para poder estudar fósseis, para investigar os organismos e os ecossistemas que viveram na Terra há milhões de anos atrás. O meu principal interesse em paleontologia são os dinossauros, e foi isso que me levou a fazer uma viagem ao passado, mais precisamente à era mesozóica, na época em que o nosso planeta era dominado pelos dinossauros………
Capítulo 1 – A viagem no tempo
Eu já tinha estudado vários dinossauros, desde o grande argentinossauro ao pequeno compsognato, mas sentia que ainda faltava alguma coisa, sentia que apesar de tudo, os meus estudos sobre eles ainda estavam incompletos. Por isso, fui ter com meu amigo Pedro, o inventor.
- Tens a certeza de que isto funciona? – disse eu. – Já a testaste?
- Não te preocupes, esta máquina do tempo vai levar – te direitinho à era mesocóica. – respondeu – me.
- Diz – se mesozóica, e não mesocóica!
- Como queiras, mas ouve lá, quantas vezes é que eu te deixei ficar mal?
- Humm … houve aquela….
Mas antes de poder acabar a frase, fui interrompido:
- Nenhuma vez. Agora, entra para ali. – disse o Pedro empurrando – me para dentro da máquina do tempo que se parecia mais com um frigorífico muito estranho.
- Tens a certeza de que vai funcionar? – perguntei um pouco desconfiado.
- Confia em mim.
- É disso que tenho medo.
- Não sejas assim. Vá, é agora. Boa sorte.
- Obrigado. Bem vou precisar.
Depois desta longa conversa, o Pedro começou a carregar numa data de botões e alavancas: alguns piscavam, outros faziam barulhos estranhos e outros faziam coisas tão estranhas que nem sei como explicar. E, de repente, houve um clarão de luz muito forte e só me lembro de ter acordado no meio de uma selva. Levantei – me e começei a andar. Parei junto a uma árvore a pensar, mas fui interrompido por uma voz muito fininha que vinha de trás de mim.
- Olá, tu és novo por aqui, não és?
Voltei – me…..
- AAAAAAAAAAA! – gritei.
Assustei – me tanto que me desequilibrei e caí para trás, mas ao ver melhor reparei que era apenas um dinossauro do tamanho de um franganote.
- Bolas, tu gritas demasiado alto.
- Tu… tu … - disse eu gaguejando.
- Eu….
- Tu….
- Diz de uma vez!
- Tu falas?
- Claro, todos nós falamos.
- Nós?
- Sim, os dinossauros.
- Incrível.
- Eu chamo – me Âmbar, sou um compsognato, e tu és de que espécie?
- Eu? Eu não sou um dinossauro, sou um humano, vim do futuro.
- Pois claro! E eu sou o maior dinossauro do planeta. Posso ser pequena, mas não sou burra.
- A sério!
- Então, prova - o.
- Como queiras. – disse com a voz um bocadinho trémula.
Comecei a ver nos bolsos se tinha trazido comigo alguma coisa, mas não encontrei nada. Olhei de relance para a Âmbar e lembrei – me que estava a usar o meu relógio novo.
- Boa, anda cá.
Ela, muito contrariada, veio ter comigo.
- Vês, não existe disto na tua época, pois não?
- Não. Convenceste – me. Então… vais ficar cá quanto tempo?
Entretanto, na garagem do Pedro, ou melhor, no seu “ laboratório” (como ele lhe costuma chamar):
- Consegui, consegui, eu consegui enviar o Zé para o Futuro! – disse ele muito feliz.
Até que……
- Ora bolas. Esqueci-me de inventar uma maneira de o trazer de volta, será que ele já descobriu?
E, nesse momento, o meu sorriso desapareceu…
- Não, não, não!
- Que foi, o que aconteceu?
- O Pedro esqueceu – se de inventar uma maneira de eu voltar para casa…. - - disse eu preocupado e com lágrimas nos olhos.
Houve um momento de silêncio, eu e a Âmbar não sabíamos o que fazer.
- Bem, se vais ficar cá precisas de um sítio onde ficar – disse ela tentando animar-me.
- Tu tens casa?
- Oh… casa tinha, mas agora não tenho.
Capítulo2 – A Força Aérea dos Pteranodontes
- Então, porquê? – perguntei intrigado.
- Foi a Força Aérea.
- Existe uma Força Aérea?
- Ah, esqueci-me que não és desta época. A Força Aérea é formada por pteranodontes. Eles estavam fartos de ninguém ter medo deles ou nem sequer repararem quando eles passam, então formaram a F.A.P. e roubaram a minha casa atirando pedregulhos sobre mim.
- Pedregulhos?!
- Sim, disseram que se eu lhes desse a minha casa paravam, mas se não desse, continuavam.
- Mas como é que era a tua casa? Deve ser especial para eles a quererem.
- A minha casa é dentro de uma árvore oca, tinha uma cama, muito parecida com um ninho, feita de paus e de erva fofa, perfeita para um pteranodonte pôr os ovos, e também era muito espaçosa, acho que foi por isso que ma roubaram.
Olhei para a Âmbar e vi como estava triste, então, decidi que tinha de fazer alguma coisa.
- Então, vamos recuperá – la!
- O quê? Mas isso é impossível! Eles vão bombardear-nos com pedregulhos tal como me fizeram.
- Mas eles não podem fazer isso e ficarem impunes. Anda, vamos ter com eles.
- Vai tu, eu fico aqui.
- Mas eu não sei onde fica a tua casa.
- Ah, pois… Então eu vou contigo, infelizmente.
Já estávamos perto da árvore oca quando a Âmbar parou:
- A minha casa fica ali, atrás daquela árvore. Eu fico aqui à espera, isto é, se não te importares? – disse ela com uma voz desanimada.
- Eu não me importo, se tens medo podes ficar aqui, mas eu prometo que não vou desistir de tentar recuperar a tua casa.
- Obrigada.
E lá fui eu, confiante, com coragem na alma, até que... passei pela árvore que a Ambâr tinha indicado.
- Cruzes! Nunca vi tantos dinossauros juntos – disse eu, mas lembrei-me do que tinha prometido à Ambâr.
E, sendo assim, avancei. Mas mal dei um passo ouvi:
- INTRUSO, INTRUSO, DESCARREGAR BOMBAS!
- Esperem, esperem! – disse tapando a cabeça com os braços pensando que ia começar a chover pedregulhos. – Eu quero falar com vosso chefe.
Para meu espanto, não aconteceu nada, levantei o olhar e vi um pteranodonte à minha frente.
- O QUE É QUE QUERES DA NOSSA CHEFE?
- Primeiro, podes parar de gritar? Acho que estou a ficar surdo.
- Oh, desculpa.
- Deixa lá. Bom, continuando, o que eu quero da vossa chefe é confidencial.
O pteranodonte olhou para mim como quem não quer a coisa e disse:
- Segue – me.
E, assim, foi, eu segui-o. Admito que fiquei com um bocadinho de medo, mas tinha que o superar.
- Chefe, está aqui um dinossauro muito estranho que quer falar consigo, mando- -o entrar?
- Sim. – disse uma voz grossa e imponente.
Entrei….
- Bom dia… - disse timidamente.
- O que é que queres?
- Bem, Senhora chefe da F.A.P. … Eu queria saber se podia devolver esta casa a quem a roubou …
- Tu vieste aqui para gozar comigo? – disse ela no meio de duas gargalhadas estridentes.
- Não.
- Tu ainda não percebeste? Nós somos conhecidos por roubar.
- E é por isso que querem ser reconhecidos?
- Como assim? – disse ela coçando o bico.
- Não preferiam ser reconhecidos pelos vossos actos de simpatia ou de ajudar outros dinossauros?
- Nunca tinha pensado nisso …
- É melhor que ser reconhecido por roubar, certo? – disse eu com expectativas.
- Certo. Mas e agora o que é que eu faço com todas as coisas que roubei?
- É fácil, basta devolvê - las.
- E depois? – disse ela confusa.
- Depois começas por tornar a F.A.P. numa coisa boa, ou seja, uma coisa de que ninguém tenha medo.
- Acho que já percebi! – esboçou um sorriso. – E vou começar por devolver esta casa.
- Eu posso entregá-la à dona.
- Obrigada. Agora acho que é melhor tapares os ouvidos.
- Porque é que eu tenho que …
Mas antes de acabar a frase, foi interrompido:
- RETIRAR TROPAS! VOLTAR PARA CASA VERDADEIRA!
- Acho que já percebi… - disse eu ainda atordoado.
E, num piscar de olhos, todos os pteranodontes levantaram voo. Eu voltei para trás para contar a novidade à Ambâr, mas quando cheguei ao sítio onde tínhamos ficado não a vi.
- Onde é que ela foi.
De repente, senti um puxão nas calças. Olhei para baixo…
- Âmbar! O que é que fazes aí em baixo?
- O que é que te parece! Estou – me a esconder dos pteranodontes, eles levantaram voo.
- Isso foi porque eles voltaram para a verdadeira casa, e vão devolver tudo aquilo que roubaram.
- Então… quer dizer que eu tenho a minha casa de volta?! – disse ela toda entusiasmada.
- Sim.
- Maravilhoso, fantástico, incrível. Muito obrigado, Zé!
Capítulo3 – À procura de comida
- Uau. A tua casa é muito espaçosa, até eu consigo caber aqui – disse eu ao deitar – me no chão ao lado da cama da Âmbar.
- É verdade. Olha, quando nos conhecemos tu falaste num Pedro, quem é ele? – disse ela bocejando.
- O Pedro é um amigo meu do futuro. E foi ele que me mandou para aqui.
- Hum… Ok. Agora vamos dormir, já é tarde. Boa noite, Zé.
- Boa noite.
Mais tarde, ainda nessa noite...
- Zé … estás acordado?
- AHHH … que foi?
- Sabes, não quero ser má, mas ainda bem que não te foste embora e agradece ao Pedro, quando chegares.
- Porquê?
- Porque sem ti, nunca tinha recuperado a minha casa, e não sei bem porquê, mas eu sinto que já te conheço há tanto tempo!
- Isso normalmente acontece quando dois amigos têm um laço muito forte que os une.
- Óptimo! Agora é melhor dormirmos. Amanhã temos muito que fazer.
Entretanto, na garagem do Pedro:
- Eu não posso dormir! Tenho que pensar. Pensar numa maneira do trazer de volta. Eu… tenho que…. ZZZZZZzzzz!
No dia seguinte, eu estava a ter dificuldades em acordar:
- Zé, acorda! – gritou – me a Âmbar aos ouvidos.
- Só mais cinco minutos mamã, depois vou para a escola.
- Eu não sou tua mãe e também não sei o que é uma escola, mas sei o que daqui a pouco vai estar na tua cara.
- Pronto, pronto... AHHH… Já acordei não é preciso usar violência.
- Boa, agora levanta-te porque temos que ir procurar comida.
- O quê? Mas tu não tens comida?
- Bem, digamos que acabou. Agora, preferes peixe, erva ou carniça?
- Isso pergunta - se? Peixe, é claro!
- OK! Então vamos até á praia para pescar.
Quando lá chegamos, eu vi uma das coisas mais bonitas que já vi: um mar tão azul como uma safira, rochas das mais variadas formas, conchas de várias cores ao longo da costa e peixes com um ar delicioso, apesar do aspecto bizarro.
- Bem, já sabemos onde estão os peixes, mas como é que os vamos pescar? – disse a Âmbar ao mesmo tempo que o seu estômago rugia reclamando que ainda não tinha tomado o pequeno almoço.
- Já sei! Usamos uma cana de pesca.
- Boa! O que é uma cana de pesca?
- Uma cana de pesca é um pau com um fio, que na ponta tem um anzol e isco para atrair o peixe.
- E onde é que arranjamos uma coisa dessas?
- Arranja uma corda ou um fio ou, então, uma liana bem forte que eu trato do resto.
Passado um bocado, já a Âmbar me tinha dado uma liana, eu tinha arranjado um pau comprido e uma minhoca.
- Vês, isto é que é uma cana pesca. Agora é só atirar a minhoca para o mar e esperar que o peixe morda a liana.
- OK. E isso vai demorar muito?
- Depende, olha, eu vou subir para aquela rocha ali com uma espécie de espinhos para ver melhor onde estão os peixes.
Subi para a rocha, e ao sentar - me ela começou a tremer.
- QUEM É QUE SE ATREVE A INTERROMPER A MINHA PESCA?!
- Es … es …. Espinossauro! – gritei.
- QUEM?! – disse o espinossauro pondo – se de pé.
SPLASHH
Ouviu – se enquanto eu caia na água.
- Zé! – gritou Âmbar correndo para a água.
- Uahhh! Espinossauro, espinossauro! – disse eu pondo a cabeça de fora, tentado ir para a margem.
- Âmbar? És tu? – disse o espinossauro de repente.
- Marco?
- Há quanto tempo, não é?
- Sim, o que é que fazias curvado dentro de água? – disse Âmbar sorrindo.
- Espinossauro… assustador… - disse eu chegando, sem fôlego, à margem.
- Oh, Zé! Este é o Marco, um velho amigo meu.
- Desculpa lá pequenote, não te queria assustar.
- Não querias, mas conseguiste fazer-me molhar as calças, e olha que não é água! – disse ainda com o coração aos pulos.
- Bem, o que é que eu posso fazer para te compensar?
- Não me podes comprar um relógio novo … portanto …Já sei! Podes apanhar peixe para nós, que achas, Âmbar?
- Parece - me bem – disse ela.
- Então, que assim seja. – disse o Marco virando – se para o mar.
Passado um bocado, já o Marco tinha apanhado meia dúzia de peixes e eu já tinha um na boca.
- Tens a certeza… de que não … queres peixe, Âmbar? – disse eu no meio de duas trincas no peixe que estava a comer.
- Deixa estar, eu prefiro carne.
- Bem, eu vou continuar a pescar – disse o Marco.
- E nós vamos à procura da carne para a Âmbar tomar o pequeno-almoço.
- Boa! Adeus, Marco! – disse a Âmbar pondo – se de pé.
- Adeus pessoal. E prazer em conhecer – te Zé.
- Adeus! – disse eu correndo atrás da Âmbar que estava com um bocadinho de pressa ( um bocadinho é favor).
Depois de ter passado um bocado a correr atrás da Âmbar, disse:
- Pára um bocadinho!
- Vá lá, já não falta muito.
- Para onde? – disse com receio.
- Bem… existe um dinossauro que tem carniça do melhor que se pode encontrar, só há um problema.
-Qual? – disse eu hesitando.
- É que esse dinossauro é… um tiranossauro.
- O quê?! Eu não me vou suicidar!
- Vá lá, faz isto por mim, por favooor. Sim? – disse ela suplicando.
- Está bem. – respondi (muito contrariado).
- Boa. Ele vive ali – disse ela apontando para uma caverna.
- Tem mesmo um ar acolhedor…
- O plano é o seguinte…
- Vamos morrer! – disse eu interrompendo – a.
- Não, não vamos. Continuando… tu entras na caverna e atrai – lo cá para fora, eu entro e roubo a carniça.
- OK, só mais uma coisa, foi um prazer conhecer-te.
- Pára com isso! Agora, vai lá.
Fiz o sinal da cruz e lá fui eu. Entrei na caverna cautelosamente, mas não fiquei muito tempo: passado um bocado estava eu a sair da gruta a correr e a gritar ( é verdade eu grito como uma menina) enquanto um tiranossauro corria atrás de mim.
Entretanto, Âmbar esgueirou – se para dentro da gruta, pegou num pedaço de carniça e saiu a correr. Eu, infelizmente, andava ali a correr de um lado para o outro com uma boca cheia de dentes a crer provar o meu sabor.
- Zé, depressa, esconde – te, já a tenho! – gritou a Âmbar.
Eu, por pouco, não perdi uma perna (ou mais), porque rapidamente, quando o tiranossauro se distraiu com o grito da Ambâr, saltei para um arbusto e escapei.
- Tu és louca. Eu nunca, mas nunca mais volto a fazer isto! – disse eu sentando – me.
- Obrigada, Zé. Agora já estamos em segurança, ele voltou para casa.
- Pois…
- Que é que tens? – disse ela tirando a carniça da boca.
- Bem, agora que tu falaste em casa eu lembrei – me da minha.
- Oh!....
- Âmbar…
- Que é?
- Como é que eu volto para casa? – disse eu baixando a cabeça.


Ana Lúcia

”O Rapaz com o Livro em Branco”

12 de Julho de 1973. Faltam 3 dias para o Afonso fazer os seus 9 anos. Afonso Campos é um menino de 8 anos, que tira as melhores notas da turma, apesar de não ter amigos na escola. O pai morreu quando ele tinha 3 anos e tem uma irmã chamada Júlia com 4. Afonso faz parte de uma família paupérrima constituída pela a avó, a mãe e a irmã do Afonso. Esta vive num casebre perto da costa este da Califórnia. Esta família tem uma pequena quinta com cerca de 1 hectar2 onde planta todos os anos batatas, cenouras e outros vegetais imprescindíveis à família Campos.
-Treliimm, treliimm.
-Cala-te por favor! – dizia Afonso na manhã de quinta-feira – Só quero dormir mais um bocado.
Afonso acaba por se levantar e vestiu a roupa: 1º a camisola às riscas azuis e brancas remendada que costuma levar todos os dias, a seguir vestiu as habituais calças castanhas de bombazina com buracos irremediáveis nos joelhos, e por último, calçou as frequentes botas de couro, ruçadas e apertadas do tempo.
Depois Afonso toma o exíguo pequeno-almoço de pão torrado com manteiga e leite branco e frio. De seguida, este apanha o autocarro escolar onde vai sempre de pé, pois ele mora praticamente na última paragem, logo o autocarro já vai cheio. O autocarro é amarelo sujo com listas pretas quase invisíveis do tempo, as portas mal fecham provocando durante todo o caminho uma brisa fresca ou até mesmo às vezes fria de mais. O caminho era cada dia mais longo e interminável. Ao chegar à escola dirigia-se a uma árvore posicionada no canto do Grande Pátio onde escrevia uma história enquanto esperava pelo toque de entrada.
-Triliiiiiimmmmm, triliiiiimmmmm.
Afonso estava sentado no canto superior esquerdo onde nunca ninguém se lembrava dele e onde a ‘stôra’ lhe ligava menos importância.
-Triliiiiiimmmmm, triliiiiimmmmm.
Às 17:20, tocava novamente, mas desta vez era o toque de saída que soava intensamente pelos corredores sombrios e abandonados da escola já velhinha dos anos. Apanhava agora o autocarro escolar das 17:30 onde havia 50% de hipóteses de ir sentado, mas eram raras as vezes em que não ia de pé, eram cerca de 1 em 100. Afonso após sair do autocarro, tinha ainda de percorrer cerca de 20 minutos de caminho por terrenos desertos, onde se viam apenas árvores. Este chegava a casa pelas 6:20.
Agora tinha apenas tempo para fazer os trabalhos de casa, jantar, vestir o pijama e ir para a cama, nada de lazer pois o tempo era escasso.
E esta era a rotina que Afonso seguia todos os dias até ao dia 15 de Julho de 1973, que, se ainda não referi, era dia de lua cheia. Tudo aconteceu como normalmente, mas ao chegar a casa estranhamente tinha uma encomenda acompanhada de uma carta que dizia no sobrescrito:

De: Desconhecido
Endereço: Desconhecido

Para: Afonso Dias Campos
Endereço: 8057, Airway Road, San Diego, - California, United States


Afonso decidiu inspeccionar bem o sobrescrito antes de o abrir, por duas simples razões: 1º Tinha remetente desconhecido e morada desconhecida e 2º era raro receber tanto cartas como encomendas. Após examinar o sobrescrito decidiu então abri-lo para ler a carta que continha no interior. A carta dizia:

Querido Afonso, sei que tens tido uma vida difícil e exaustiva, e é por esta razão que decidi presentear-te com prenda de aniversário que penso que vais gostar e que te vai interessar. Desejo--te um bom aniversário e até para o ano.

Ah, a propósito, dá um título ao que está dentro do embrulho. Espero que gostes da Prenda!!!

Afonso estava numa grande exaltação que era capaz de contagiar qualquer pessoa.
Ele não resistiu à tentação de abrir o embrulho amarelo com bolas pretas e vermelhas refulgentes. Logo pelo embrulho, Afonso viu que devia ser maravilhoso o presente que parecia ter vida própria e querer sair daquele embrulho sufocante. Afonso depressa rasgou e amachucou o papel e o que provocara todo aquele entusiasmo era um livro com apenas uma linha na capa com umas aspas avermelhadas dos dois lados. A capa era de Papel Couchê Brilhante que reluzia ao brilhante Pôr-do-Sol. A lombada do livro era estranha, parecia engelhada do tempo, era como se aquele livro já existisse há anos ou até mesmo há séculos. Afonso decidiu então folheá-lo e reparou então que o livro estava completamente em branco, branco como a neve, branco, branco como as nuvens. Ele folheou-o de novo, esperando encontrar agora palavras, ou até mesmo só traços, ou só pontos, tipo pontos finais, mas nada, o livro estava branco, branquinho, estava até mais branco que as coisas brancas. Parecia acabado de fazer por dentro e velho como a TV a preto e branco.
-Afonso - gritava a mãe da cozinha. - Vem jantar!!!
-Vou já, mãe!!! – gritou Afonso mais contente que nunca.
Afonso comeu rápido e sem dizer uma única palavra, voltou ao quarto rapidamente sem que ninguém desse por isso. Decidiu, então, começar a escrever uma história no novo livro. Afonso retirou uma das suas canetas do estojo e começou a escrever, mas conforme ele escrevia, tudo se ia apagando, como se a caneta não tivesse tinta. Ele tentou, tentou mas nada. Lembrou-se até de deitar o livro no fogo da lareira, pois, aquele livro de nada fazia. O livro apenas aquecida, mas não ardia, era como se estivesse sobre um feitiço de bruxas e feiticeiros.
Estava na hora de deitar e Afonso colocou o livro em cima da cadeira de ferro e de madeira. Vestiu o pijama e deitou-se esperando acordar e viver outro dia. Afonso durante a noite, teve um sonho fantástico como se fosse sem fim e em que o mau nunca mais era vencido.
Pela manhã o despertador toca novamente:
-Triliiiiiimmmmm, triliiiiimmmmm.
Mas hoje Afonso já estava acordado, vestido e cheio de excitação e. Ao calçar as botas, desequilibra-se e cai contra a cadeira, o livro cai e, dentro do livro, vêem-se montes de letras, de palavras, de frases, de parágrafos, de tudo o que se podia imaginar, e tudo a relatar a história que Afonso tinha concebido durante o seu sono.
Afonso cai espantado com tudo o que se passara com ele nos últimos dias. É como se tivesse entrado num conto de fadas mágico e ele fosse o protagonista de todo o conto. Estava contente e espantado, mas ao mesmo tempo, estava receoso.
Voltou a reviver o habitual dia mas, desta vez duma forma diferente, desta vez ele revivera o dia contente.
Chegou a casa, fez os TPCs, jantou, vestiu o pijama e deitou-se, esperando que tornasse a acontecer aquilo que acontecera na noite anterior.
Acordou de manhã e ao folhear o livro, lá estava tudo escrito outra vez. E esta rotina foi-se repetindo todos e todos os dias. Passaram-se meses desde que recebeu o livro, mas este nunca enchia, sempre que se esgotavam as folhas, estas tornavam-se mais finas e multiplicavam-se produzindo mais folhas, e fazendo com que o livro tivesse a mesma espessura.
15 de Setembro de 1973. Afonso regressa à escola depois de umas longas férias de Verão e, adivinhem, o Afonso passou de ano, ele passou do 3º para o 4ºano, mas não com as mesmas notas, pois com aquele conto todo, Afonso andara mais num mundo fictício do que no mundo real. Afonso apercebeu-se que isto não podia continuar e decidiu acabar com tudo. Após matutar muito, quando Afonso chegou a casa, pegou no livro e dirigiu-se ao rio perto de sua casa. Ao chegar ao local, despediu-se e atirou o livro ao rio. O livro flutuou seguindo o leito do rio, até deixar de se ver. Afonso voltou a casa pensando no que realmente tinha feito. Ao entrar no seu quarto, reparou que o livro estava poisado na sua cadeira de ferro e madeira completamente enxuto. Foi então que Afonso descobriu que o livro estava destinado a ser para sempre escrito.
Afonso reviveu novamente a rotina diária que fazia normalmente. Mas um dia, quando acordou de manhã, viu o livro trancado com um cadeado, como se estivesse terminado e seguro para sempre, e tinha escrito na linha o título que lhe tinha dado na sua imaginação. O título do livro era:

Henrique Alves

"O Espanta-Pardais" (Continuação)

“Ao ouvir estas palavras Espanta-Pardais estremeceu. Depois gaguejou:


-Ah… Da Estrada Larga!... Conta-me o que viste lá.”

-Bem, para começar, a Estrada Larga é uma terra encantada, não uma estrada, mas há lá uma estrada larga mágica e foi ela que deu nome á minha terra.

-Conta mais! -pediu Espanta-Pardais.

-Lá havia flores de todas as cores, rios cujas águas tinham diferentes sabores, por exemplo, o rio laranja sabia a sumo de laranja.

-Mas porque um “havia”? -perguntou cheio de curiosidade

-Pois! Agora como o nosso rei morreu, sucedeu-lhe o seu irmão. Ele não gosta de flores, árvores…; por isso, mandou todas as ovelhas e térmitas comerem a madeira das árvores. Agora, a Estrada-Larga está toda destruída.

Vim à procura de uma pessoa disposta a “combater” contara o nosso rei (foi o mago de Estrada-Larga que me mandou).

-Eu sei de uma pessoa ideal para esse trabalho: eu! Não há mais ninguém aqui!. Disse entusiasmado Espanta-Pardais.

-Podes vir mas…

-Tinha de haver um “mas”, diz que sim e vamos embora! -desabafou Espanta-Pardais.

-Sim, mas como é que tiramos, se estás “pregado” ao chão! -perguntou Maria Primavera.

-Escavas um buraco e levas-me num carrinho de mão- respondeu apressadamente.

E assim o fez. Meteu-o num carrinho de mão e fizeram-se á estrada.

-Por um pequeno passo começa-se uma grande viagem! -disse Maria Primavera.



Continua…

                                                                                                           Lina de Jesus