terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lenda da Boidobra

http://padroeiraboidobra.com.sapo.pt/boidobra.htm


Numa pequena povoação nos arredores da Covilhã, um sacristão prendeu uma corda ao badalo do sino maior da torre sineira da Igreja em honra de Santo André, para não ter de subir a sua escadaria para o toque das ave-marias.

Certo dia um boi que seguia em direcção ao curral, ficou com um dos cornos preso à argola onde terminava aquela corda. E quanto mais puxava para se soltar mais puxava a corda que fazia tocar o sino.

Alguns moradores do lugar que ali estavam gritaram “Boi dobra!” achando que talvez era um milagre dos Céus.

E foi assim que aquela pequena povoação de Santo André do concelho da Covilhã se passou a chamar Boidobra.



António José Santos
6.º3 - N.º5

Uma gruta de Jasmins

No vale dos montes, viviam duas meninas irmãs: uma mais nova chamada Jasmim e a mais velha chamada Maria. As duas irmãs viviam sozinhas numa casa modesta, por fora, mas acolhedora por dentro.
A casa encontrava-se à beira de um pequeno lago com águas límpidas e potáveis. Nas águas do lago, habitavam pequenos peixes cheios de cor e brilho, mas que a Jasmim lhe parecem pequenas sereias com muita conversa a pôr em dia.
Maria a sua irmã, sempre lhe disse que a sua cabeça boiava nas águas da imaginação, sobretudo quando sonhava à noite.
Os sonhos de Jasmim, às vezes, pareciam bem reais, mas era apenas o cérebro de Jasmim a dar luz à imaginação.
Num dia igual aos outros, Maria acordou bem cedo e disse para Jasmim:
- Hoje, vamos fazer um passeio à gruta com que sonhas!
Jasmim ainda com os olhos meio fechados, fica intrigada com o que Maria acabara de dizer, porque sabia que a tal gruta era imaginação dela.
Maria explicou-lhe melhor e disse-lhe que tinha pesquisado em folhetos e vira o nome da gruta com que ela tinha sonhado.
Disse-lhe também que a gruta tinha um segredo e só as pessoas que se atreviam a ir lá, teriam a melhor aventura de sempre.
Jasmim ficou logo com a energia toda, mal podia esperar para ir lá.
Tomaram o pequeno-almoço e foram preparar o lanche, um cobertor, garrafas de água e um mapa para não se perderem. Assim que acabaram tudo, saíram de casa e respiraram fundo para apanhar o ar da manhã. Seguiram caminho pelos caminhos de terra.
Pelo caminho, apanharam flores de todos os tipos, para fazerem ramos de flores para a casa ficar perfumada.
Depois de terem andado uns minutos, pararam para beber um pouco de água. Aproveitaram também para se sentarem na erva, ainda um pouco húmida visto que ainda era de manhãzinha.
Voltaram a andar e Maria disse que já não faltava muito. Depois de terem virado à esquerda avistaram a gruta muito brilhante o que deixou Jasmim curiosa. Entraram e Jasmim espirrou e, logo a seguir ao espirro, um alto eco repetiu-o.
A sua irmã riu-se porque Jasmim tinha feito uma cara estranha quando ouviu o eco.
Começaram a sentir frio quando estavam a meio da gruta, mas não sabiam de onde vinha e o que o fazia. Aperceberam-se do que era quando viram um riacho rodeado de jasmins. Nesse mesmo lugar, uma placa dizia para apanhar um jasmim com pétalas azuis.
Apanharam o jasmim e abriu-se uma porta muito colorida. Por de trás dessa porta, havia milhares de flores de todos os tipos e cores. Jasmim, ao dar um passo em frente, carregou num botão que dava acesso a um escorrega de flores.
Foram por aí abaixo e foram dar a uma fonte de cristais. A água da fonte tinha sabor a jasmins; à volta da fonte havia enormes cristais a cintilarem como se tivessem sido polidos. Nesse mesmo local estava um banco feito se jasmins. As duas meninas sentaram-se no banco, e ao sentarem-se o banco deu meia dúzia de voltas e foi parar a um jardim.
O jardim tinha as mais raríssimas plantas que alguma vez podiam existir, havia plantas de rubis, plantas de colares, plantas de quarenta flores diferentes e uma árvore que dava água de rosas.
As duas meninas, ao verem tudo aquilo começaram a apanhar aquelas flores maravilhosas, mas ao pé da árvore estava um aviso que dizia: “ Tenho gosto em dar-vos tudo, mas não mostrem a ninguém.”
Maria e Jasmim respeitaram o aviso e apanharam tudo o que podiam.
Já eram 6:30 e Maria disse que tinham de ir para casa, mas que Jasmim, em sonhos, podia imaginar o resto da aventura.



…Continua…




Mariana Gil Nº21 6º3

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O rapaz que tinha todo o vazio nos olhos

Capítulo II- À realidade


Por mais que me esforce, ainda não consegui imaginar o nada. Nada é o vazio, é o sem coisa alguma. Não faz sentido. O que eu quero dizer é: o que vemos num mundo em que só habita o nada? Qual é a cor do nada? Qual é a cor do sem cor? É engraçado eu em toda a minha curta vida ter o nada à minha frente, estampado nos meus olhos como a tinta fresca que surge quando acabamos de pintar uma parede. E, mesmo assim, ainda não descobri a cor do nada. O que eu via à minha frente era o preto. E o preto não é o nada, porque pode ser a morte ou simplesmente ser o preto. Tentamos ver a realidade da nossa mentira, e vemos o nada. Mas isso é outra coisa…

Mentimos para disfarçar o incómodo e a angústia do nada que é a realidade.


Caminhavam os dois naquela estrada que parecia não ter fim. Quando chegaram ao fim da estrada, encontraram uma caverna. Apesar do receio (pois as paredes da caverna estavam cobertas de teias de aranha), entraram.
-Filho, – disse a mãe. – entrámos na caverna. Está muito escuro. As teias enrolam umas coisas esquisitas – a mãe ia continuar, mas quando viu que essas coisas eram animais mortos enrolados em teias de aranha, deu um passo atrás.
-O que foi, mãe? – perguntou Matt.
-Não é nada. – mentiu ela.
Continuaram a caminhar pela caverna, quando algo inesperado agarrou Matt. Na verdade, era uma aranha gigante, e, por muito aterrador que isto fosse, era ela que capturava aqueles animais que estavam nas teias.
-Mãe! O que é isto?! Larga-me! – gritou Matt aterrorizado e em desespero.
Foi então que a mãe tirou uma navalha do seu bolso e a espetou na aranha. O mais nojento foi que começou a sair um sangue verde da mesma.
- Meu Deus, que nojo! – disse a mãe, com muita repugnância.
Depois de muito caminharem, encontraram uma abertura muito estreita nas paredes da caverna. Apesar de muito justa, era capaz de caber uma pessoa do tamanho da mãe. Foi o que fizeram. Entraram os dois na fenda, deram alguns passos e foram parar a uma espécie de salão. No tecto do salão, havia um buraco, por onde entrava um raio de sol. Mas este sol era como a brisa que havia na estrada. Morto e triste. Mas o mais espantoso é que havia debaixo desse raio de sol um gato gigante. Se ele tivesse em pé, possivelmente, não cabia lá, mas estava deitado a dormir.
- Filho, está um gato gigante a dormir aqui – disse a mãe, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
- A sério? Posso tocar-lhe?
- É melhor não. – respondeu a mãe. – Podes acordá-lo.
Não foi preciso tocar no gato, aquela conversa acordou-o. Os seus olhos verdes reflectiam o raio de luz parecendo dois diamantes.
-O que fazem aqui? – rosnou o gato.
- Desculpe, se… - ia dizer senhor, só que vendo bem as circunstâncias em que se encontravam, reformulou. – Quer dizer, senhor gato. Somos exploradores, não tivemos a intenção de acordá-lo.
O gato olhou-a de uma maneira esquisita, como se tivesse com dificuldades em percebê-la.
- Ah! Está bem, não faz mal. Vá, subam para o meu dorso. Vamos dar uma “volta”.
Os dois recearam.
- Tem a certeza? – perguntou a mãe, procurando ser o mais delicada possível.
- Sobe e cala-te.
O gato, apesar do seu ar autoritário, era bastante engraçado. Os dois subiram, com alguma dificuldade. Tocaram no pêlo do gato, que era muito macio. Como o gato não podia sair dali e não cabia claramente na fenda, com uma patada, derrubou as paredes da caverna e estavam outra vez ao ar livre. Mas agora não estavam na estrada, muito pelo contrário, estavam num terreno de erva macia, e o ar era outra vez normal. O gato correu muito, com os dois no dorso, até que chegou a um precipício. Mas o gato não parou de correr, e agora estavam ambos a cair.
- AAAAAAAAAH! – gritaram.
Mas o mais incrível é que o corpo do gato, por magia, ficou mais elegante e do pêlo nasceram asas, e agora estavam ambos a voar sobre CrunshLand. Voaram sobre o mar e viram sereias, subiram mais e viram as planícies e os vales. Conseguiram avistar a sua casa, as montanhas e os lagos (um deles chamava-se “O lago da baleia maldisposta”) e por fim pousaram em terra.
- Fiquem aqui, é perto da vossa casa. Adeus! – despediu-se o gato.
- Adeus, vemo-nos mais tarde! – disseram eles, em uníssono.
E assim o gato foi-se embora, a voar, desaparecendo na linha do horizonte.
Passou um ano. Mãe e filho viveram muitas aventuras. Mas foi numa manhã, que a vida deles mudou para sempre…
Matt acordou, preparado para um dia normal, quando viu à sua frente alguma coisa. Não interessa o que ele viu, porque estava no seu quarto. Interessa é que “ele viu”. Mesmo sendo o seu quarto normal, depois de estar 11 anos cego, as cores parecem muito mais forçadas. E foi o que aconteceu. Tal como aconteceu à mãe na aventura das flores, agora as cores percorriam as suas pupilas. Foi tal o choque, que caiu, causando muito barulho. Mas o choque ainda agora tinha começado. Entrou pela porta uma mulher. Tinha os cabelos loiros, mas não aquele loiro bonito. Era um loiro triste, de um amarelo pálido. A sua cara tinha muitas rugas, e era uma cara de uma mulher não muito velha, mas desgastada pela vida.
- Matt o que se passa? – disse a mulher.
Matt ficou de boca aberta. Aquela era a voz da sua mãe. Aquela era a sua mãe.
- Estou a ver… – foram só precisas aquelas duas palavras para a mãe parecer preocupada.
Nos seguintes dias, não o deixou sair de casa. Na quinta noite, ela explicou porquê.
-Matt, tenho que te explicar uma coisa. É tudo mentira. Toda a tua vida é uma mentira.
-O quê? – perguntou Matt, muito confuso.
-CrunshLand é uma mentira. O que eu te descrevia não era verdade. Não vivemos em nenhum mundo mágico. Sou escritora, e as aventuras que tínhamos, descrevia-as no papel. Mas isso não interessa. Explico-te já agora, porque bastaria sair de casa para entenderes. Mas quero-te explicar que mesmo que tudo não exista, existe na tua imaginação. Também queria dizer que vivemos no planeta Terra. Quer dizer, na verdade tu não existes.
-Como assim? – perguntou Matt, com os olhos cheios de lágrimas por causa de tudo aquilo.
-Não! Existes. – disse a mãe, acompanhada de um pequeno sorriso. – Mas no papel não existes. Não tens identidade. Porque se tivesses tinhas que ir á escola, falavas com outras pessoas, e essas acabariam por te dizer que vivemos no planeta Terra, e isso tudo de CrunsLand era mentira.
-Não… - agora as lágrimas ensopavam os seus olhos. – Não pode ser! Não me podias ter enganado! Eu confiei em ti!
A mãe suspirou e saiu do quarto. Não queria contar as coisas daquela maneira. Mas mais tarte ou mais cedo, ele ia acabar por descobrir.
Passou uma semana, e ele não saía da cama. Recusava-se a comer e chorava um choro silencioso e de muitas lágrimas. Foi então que acabou por sair da cama, percorreu o corredor da sua casa. Parou porque viu um quadro em forma de rectângulo na parede. Nesse quadro, havia um rapaz, de cabelo preto, cara pálida e cujos olhos eram carregados de um enorme vazio. Levou a sua mão à cara e reparou que o quadro fazia a mesma coisa. Fez alguns gestos, e o quadro continuava a seguir os seus movimentos. Pensou muito, e chegou à conclusão que aquele era um espelho e o rapaz era o seu reflexo. Era a primeira vez que se vira a si próprio.
Quando saiu de casa, viu pela primeira vez o seu mundo verdadeiro. Era composto por prédios cinzentos, as pessoas vestiam-se de roupas escuras e olhavam-no com muita admiração e preconceito.
Sem dar importância a isto, começou a correr. Correu tanto que agora já não estava numa rua com prédios, mas sim num campo aberto. Continuou a correr. Corria por frustração, tristeza, desilusão ou esses sentimentos todos. Continuou a correr, até que chegou ao precipício e caiu. “Caiu, caiu, caiu”… Parecia não ter fim. Acabou por cair em terra, causando um impacto tão grande que acabou por morrer. Estava rodeado de pessoas que o observavam apavoradas com todo aquele sangue.
O mais espantoso foi que Matt mergulhou em sonhos. E no seu sonho, caíra sob o gato peludo e grande, onde nasceram asas, tal como da outra vez. E juntos voavam a caminho do horizonte e desapareceram no pôr-do-sol, deixando todo o vazio que tinham na terra.

Pedro Vidigal

O rapaz que tinha todo o vazio nos olhos

Capítulo I- Da fantasia


Estava deitado na cama, quando a minha mãe foi lá ter. Sabia disso porque quando ela entra nalgum sítio, faz barulho.
- Mãe – comecei eu – Tu dizes que vieste de um planeta chamado “Terra”. Como é esse tal sítio?
- Não tem nada de especial. É triste, cinzento. As pessoas são arrogantes e não respeitam as diferenças. Há loucura, há maldade. Mas há uma coisa quase tão maravilhosa como os seres que habitam à nossa volta.
- O quê? – perguntei eu, com uma certa ansiedade.
- É o amor. O amor que as pessoas têm umas pelas outras e como isso se reflecte nas acções. Também se pode chamar “compaixão”.
- Mas aqui não há?
- Sim, há – disse ela. – E está mais perto do que tu imaginas.


Matt era um rapaz diferente. Ele era cego. Tinha os olhos brancos como o leite que tomamos ao pequeno-almoço. Ele podia ter sofrido se vivesse no planeta Terra. Mas não, ele vivia numa ilha que ninguém conhecia chamada “CrunshLand”. CrunshLand era uma terra para além da nossa imaginação. Habitavam nela seres fantásticos e plantas bizarras. Mas ele era cego e por isso não podia ver. Mas a mãe dele, que tinha sido uma exploradora, não era cega. Tinha vindo do planeta Terra. E contava-lhe tudo o que os seus olhos não podiam ver. E Matt, apesar de não poder observar e ver as plantas e os animais, ouvia e sentia. E em CrunshLand, ele e a sua mãe tiveram imensas aventuras…
Estavam a caminhar, um caminho sem fim. A mãe prometera-lhe que iam a um sítio especial e magnífico.
-Mãe, falta muito? – protestou Matt.
-Já chegámos. Meu Deus, estou sem palavras.
-Conta! – pediu. – Como é?
- Há uma planície infinita de searas verdes. Só que nelas está reflectido o Sol , por isso são douradas. No ar, paira uma brisa suave, mas algo maravilhosa. Estás a sentir? No ar também há partículas de pó que reflectem o sol causando um efeito magnífico. Há também algum nevoeiro e…
Ela ficou espantada. De repente, o nevoeiro diluiu, ao sabor do vento. E a paisagem ficou totalmente diferente. Uns bocados de solo pairavam no ar, flutuando e, sobre eles, encontravam-se moinhos velhos, mas que ainda funcionavam. Deitavam fumo, mas não era um fumo negro. Tinha as cores do arco-íris. Era como um quadro de um pintor louco, mas com uma imaginação e bondade enorme. E isto não era a coisa mais espantosa que havia em CrunshLand…
A ilha não era muito grande, mas tinha lá todas as estações do ano. Podia estar a nevar num extremo da ilha e, no outro, estar um sol radiante. Ela e o Matt caminharam entre as montanhas cheias de neve, passaram por uma floresta em que as árvores eram negras, e, por fim, chegaram a um parque muito estranho e colorido. Não era bem um parque, mas mais uma espécie de canteiro com flores gigantes. Havia muitas variedades: orquídeas, amores-perfeitos, rosas, tulipas... Mas todas eram do tamanho de árvores, porém, sem perder a delicadeza. Só havia uma orquídea murcha, mas, mesmo assim, ainda se notavam alguns tons de branco.
Ela já tinha feito uma longa descrição deste colorido e maravilhoso cenário. Foi então que reparou que no ar havia umas partículas curiosas - assim uma espécie de poeira – a deslizar no ar, fazendo formas frágeis que se desfaziam e voltavam a unir. Quando observou melhor, viu que nessa poeira havia uma espécie de insectos, só que tinham uma cabeça parecida com a dos humanos. Eram fadas, só que não se notavam muito bem porque eram minúsculas, de modo que se confundiam com a poeira. Eram elas que faziam aquele som angustiante, muito baixinho e idêntico ao barulho de guizos.
-Mãe – disse Matt. – Este som está-me a irritar. Vamos embora?
Dito isto, voltaram para casa, percorrendo aquele grande caminho outra vez. Como o Matt era cego, não sentia, mas aquele lugar era tão vivo e colorido que a cor das flores ainda percorria as pupilas dela, causando um certo cansaço e dor na sua vista.
Quando Matt fez dez anos, a mãe achou que era altura de lhe mostrar o sítio mais assustador e misterioso de CrunchLand. Ela só se tinha atrevido a ir lá duas vezes, sem nunca levar o Matt. Situava-se no outro lado das montanhas que definiam o limite da ilha. (Isso era o que pensavam, porque do outro lado havia esse sítio). Era composto por cavernas e árvores tão negras, que visto de longe parecia uma mancha preta.
Quando chegaram viram pela frente uma estrada, que em tempos tinha sido da cor do carvão, só que agora estava tingida pelo sangue. Na berma da estrada é que se encontravam as tais árvores negras, que balançavam devido a uma estranha brisa no ar. Não era como a suave brisa da Primavera, esta era morta, sombria e carregada de um enorme remorso e angústia.
Apesar daquela atmosfera medonha, os dois encheram-se de coragem e atravessaram a estrada…

Pedro Vidigal

O Punhal de Osíris


Osíris


Outrora existiu uma cidade, no meio do deserto e era lá que o punhal de Osíris se encontrava. Este possuía a capacidade de conceder um desejo, então, todos os aventureiros de todos os cantos do mundo foram tentar buscá-lo, mas mal eles sabiam que para o ter teriam de percorrer uma enorme e difícil travessia, pois, tratava-se um caminho que foi construído com armadilhas mortais pelos antigos Egípcios, mas ninguém sabia onde se encontravam.
Numa pequena parte da cidade, encontrava-se um rapazinho que se chamava Júlio de cabelo loiro, olhos azuis, altura média e tinha cerca de 15 anos. Um dia ele estava com o seu irmão a pastar o gado nos vastos campos, quando a certa altura, viu algo à distância: parecia ser uma entrada para o subsolo. Então, ele começou a andar até lá chegar e quando conseguiu, viu escadas em direcção a uma imensa escuridão onde apenas algumas tochas iluminavam o caminho até ao Templo de Osíris. Então, como ele era bastante curioso, aventurou-se e desceu-as. Quando pisou o último degrau, ele deparou-se com dois machados gigantes que balançavam dum lado ao outro da parede. Então, Júlio rapidamente pousou na solução, pôs o seu cajado no meio deles e, assim, os machados pararam e ele pôde prosseguir. Após dois minutos de caminho, encontrou uma espécie de puzzle: começou a mexer as peças que não eram imagens. Depois de realizado, o puzzle funcionava como uma pista a dizer: “Se conseguires passar daqui, encontrarás um espaço de dor. Então terás de olhar para cima e daí em frente terás de descobrir o resto”.
Enquanto andava, Júlio começou a pensar naquilo que iria enfrentar. Então de repente, viu uma grande sala com três estátuas de deuses Egípcios: Rá, Anúbis e Ísis com uma torre a segurar o punhal de Osíris, mas à sua frente, estava aquilo a que o puzzle se referia, mas não ser exactamente o que dizia, pois, havia um grande buraco com ferros extremamente ferrugentos e afiados. Então, Júlio lembrou-se da frase e reparou que no tecto havia um desenho em forma de um rectângulo. Ele começou a pensar como havia de passar. De repente pegou num pau e espetou-o entre a parede e o rectângulo, moveu-o para a frente e foi aì que apareceu uma ponte que o levaria até à torre. Quando aì chegou deparou-se com muitos degraus que rapidamente subiu. Assim que chegou ao cimo, pegou no Punhal e, no momento em que o retirou do seu lugar, as paredes começaram a desmoronar-se. Então, Júlio pegou nele, correu o mais rápido que podia e dirigiu-se para a saída. Assim que aí chegou, a entrada para o subsolo desabou e só restou o silêncio. Ele não sabia qual a importância do punhal: dirigiu-se ao seu irmão que estava a guardar o gado e mostrou-lhe o punhal para ver se ele o reconhecia. O seu irmão disse-lhe que não e que talvez o pai o ajudasse. Correu em direção à cidade onde o seu pai se encontrava e ele disse-lhe o que tinha na sua posse: o Punhal de Osíris. Explicou-lhe ainda, que com, ele poderia ter ou fazer o que quisesse: bastava desejá-lo. Júlio era um rapaz muito inteligente e depressa soube qual a atitude correcta a tomar: reconstruir oTemplo de Osíris para dar a conhecer ao mundo a maravilhosa história dos Egípcios.

Renato Lourenço

Umas férias diferentes

Eu fui passar as férias a um sítio diferente dos anos anteriores. Quando cheguei, a primeira coisa a fazer foi: alugar uma casa perto da praia.
Quando fui à vila ter com o meu guia, reparei que não havia “actividade” nenhuma na vila: as pessoas olhavam-me com um ar bastante esquisito.
Parece que o azar caiu sobre mim: o meu guia constipou-se.
Curiosa, fui ter com um idoso que lia o jornal da semana passada. Perguntei-lhe:
-Posso falar consigo?
-Sim. Claro! – respondeu. – Vamos para aquele bar. Lá, podemos falar à vontade.
Falámos, falámos… e, finalmente, perguntei-lhe:
- Porque razão esta vila está tão deserta? E quando aparece alguém, me olha de uma maneira esquisita?
-Bem, há muito tempo que esta vila está aterrorizada por causa de um fantasma que existe na casa que alugou. Esclarece-a?
-Sim. Obrigada.
Quando cheguei a casa, senti um arrepio. Subi as escadas e… adivinhem o que vi: vi um fantasma.
De manhã, fui ter com meus novos amigos: o João, a Ana e o Pedro. Fomos para a minha casa, para lanchar. Estávamos a ver televisão quando:
-UHUH…
-Vamos ver o que se passa lá em cima – disse o João.
-Ai... vamos?! – perguntou a Ana.
-Se quiseres podes ficar cá em baixo – disse eu.
Lá fomos. Inesperadamente, vemos o fantasma a atravessar paredes, e o que ouvimos?
-AHAH… Socorro!… - gritou a Ana subindo as escadas apavorada.
- O que se passa? – perguntámos em coro.
- Ouvi gritos na arrecadação – respondeu apavorada.
-Tem calma, vamos ver o que se passa! – disse o Pedro.
Quando chegamos lá, o que vimos foi…

…continua…

Lina Jesus
Nº18

A árvore é um ser vivo


Se um dia tiver que cortar uma árvore, devo-lhe pedir desculpa. Não sei que significado tem essa frase, mas vou respeitá-la.
“Não tenho árvore de natal, vou a um pinhal arranjar uma”-pensei.
Quando cheguei, vi uma árvore perfeita: ”Vou levá-la para minha casa”-pensei.
Cheguei ao pé dela e perguntei-lhe:
-Tens frio?
-Sim – respondeu.
-Queres vir para minha casa num vaso? Lá estará muito mais calor.
-Aceito. Mas com uma condição: nunca me abandonarás.
-Claro! Vamos.
Quando cheguei a casa, enfeitei-a, tratei-a com muito amor e carinho. Tornámo-nos as melhores amigas.
E, assim, respeitei um ser vivo, passei o Natal em boa companhia e o Espírito de Natal veio ao de cima!


Lina Jesus
Nº18

O Desejado

Em 1578, naquele dia de nevoeiro em Alcácer-Quibir, D. Sebastião abriu os olhos e reparou que a batalha tinha acabado. À sua volta viu muitos homens caídos. Eram os seus militares mortos ou moribundos. Levantou-se com esforço e começou a caminhar sem destino certo.
Durante dois dias e duas noites, D. Sebastião caminhou orientando-se pelo Sol e pela Estrela Polar, pois sabia que tinha de ir para Norte.
Depois de tanto caminhar, deixou as areias do deserto para trás e encontrou mercadores que também iam para Norte.
Não se distinguia dos mouros porque a sua pele estava escura devido ao Sol e à sujidade acumulada.
Ele ia com medo.
Só conseguia comida pedindo-a mas fingindo que era tonto e mudo para não se denunciar.
Finalmente, chegou a Tânger onde ficou por 2 anos.
Não se sabe como conseguiu, finalmente, meter-se num barco que o levou até Málaga. Aí, quase já se sentia em terra cristã.
Apressado, apanhou caminhos de mercadores para quem ia fazendo uns trabalhos em troca de comida e transporte.
A sua grande vontade era voltar para Portugal, de onde tinha ouvido notícias preocupantes: D. Filipe II, rei de Espanha, tinha invadido a sua terra. Tinha que decidir qual era o melhor lugar para passar a fronteira.
Decidiu entrar pelo Algarve, pois, não queria encontrar-se com espanhóis que patrulhavam as fronteiras alentejanas.
Bem tentou convencer que era D. Sebastião mas os algarvios são pessoas demasiado desconfiadas e só pensaram que ele fosse um louco.
Mas a certa hora, quando já estava desanimado, apareceu-lhe um covilhanense, de nome António, que lhe ofereceu boleia na sua carroça carregada de laranjas.
Puseram os cavalos bem a trote, pois, tinham ouvido que D. Filipe ia proclamar-se rei de Portugal.
Chegados a Santarém, o covilhanense, em troca a prometida recompensa, deixou de ir para a Covilhã e orientou os cavalos, a toda a brida, para Tomar.

Aí chegados, D. Sebastião, sempre seguido pelo covilhanense, procurou as Cortes.
À entrada, como os guardas impediam a passagem, não restou outra solução senão atacar com as laranjas.
Aproveitando-se da confusão gerada, D. Sebastião entrou e, aos gritos, conseguiu parar a coroação.
- Não há necessidade de coroar um novo rei, muito menos espanhol, porque eu estou aqui. Sou D. Sebastião, el-rei de Portugal!
Passados três minutos de silêncio, todas as Cortes se levantaram e ouviram-se grandes vivas a el-rei D. Sebastião.
E foi, assim, que em Portugal teria deixado de existir “O Desejado”.
E a Covilhã ficou com mais uma família nobre.



António José Santos
N.º 5 - 6.º3

O meu Natal

Este ano gostava de passar o Natal em casa da minha avó paterna, já não a vejo há muito tempo. Também gostava de ver o meu tio Victor e a minha prima Rita; a última vez que a vi ela era ainda um bebé.
Gostava que estivéssemos todos na sala com a lareira acesa, a conversar e a rir à espera que chegasse a meia – noite para abrir os presentes.
Uma prenda que eu gostava de receber era uma “Nintendo” nova, a minha já tem algumas partes partidas e só funciona ligada à corrente, mas se não for possível, não faz mal. Estar com a minha família toda reunida era o melhor presente que se podia ter.
Além disso, o Natal não significa receber prendas ou apenas comer rabanadas e outros doces. O Natal significa amor, passar tempo com a família e matar saudades.
Além disso, não é o quentinho da lareira que nos aquece, mas sim o quentinho dos nossos corações, o quentinho do amor que existe dentro de nós.

Ana Lúcia