sábado, 6 de março de 2010

O Rei Radical

    Numa manhã igual às outras, o criado abriu cerimoniosamente os cortinados do leito real.
    -Bom dia, Majestade! - cumprimentou o criado. - Como vai vossa majestade hoje para o conselho da corte?
    Era a pergunta de todas as manhãs. “Como vai...”, entenda-se: ”Como vai vestido”.
    Havia muito por onde escolher.
    Mas desta vez, para surpresa do criado, o Rei-Menino respondeu apenas: “Vou de patins”.
    O criado, ao ouvir aquela decisão ficou vermelho, chocado.
    Na corte, ao verem chegar o rei menino deslizando nos seus patins, uns conselheiros ficaram brancos outros engasgaram-se, outros não conseguiam falar, alguns até pediram um copo com água.
    D.Gustavinho foi-se sentar no trono e pensou:
    -E se fosse brincar com os meus amigos tal como fiz há uns dias atrás no parque?
    Se bem pensou, melhor o fez.
    Levantou-se com um ar muito importante e dirigiu-se aos seus conselheiros:
    -Meus senhores, por hoje, estão acabados os problemas do reino. Podem levantar-se e vão todos de folga.
    Antes que os guardas do palácio se apercebessem e aproveitando a confusão que esta ordem do rei provocou, imediatamente este escapou para ir ter com os amigos que deviam estar a brincar àquela hora no parque.
    A partir daí, passou a ser habitual o Rei-Menino escapar-se das suas funções de rei e dedicar-se às mais radicais tarefas de brincar: subir às árvores, deslizar por uma corda nas paredes do castelo, escorregar descalço pelos corredores do palácio, etc.
E os conselheiros que no início tanto criticavam o rei, acabaram por se habituar e finalmente começaram a achar muita graça.


A partir daí, o Rei-Menino passou a chamar-se: O Rei Radical.

Luís António

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