segunda-feira, 2 de maio de 2011

As Aventura de Zé, o paleontólogo

O meu nome é Zé e sou um paleontólogo, para aqueles que não sabem: um paleontólogo é um cientista que possui conhecimentos de geologia e biologia para poder estudar fósseis, para investigar os organismos e os ecossistemas que viveram na Terra há milhões de anos atrás. O meu principal interesse em paleontologia são os dinossauros, e foi isso que me levou a fazer uma viagem ao passado, mais precisamente à era mesozóica, na época em que o nosso planeta era dominado pelos dinossauros………
Capítulo 1 – A viagem no tempo
Eu já tinha estudado vários dinossauros, desde o grande argentinossauro ao pequeno compsognato, mas sentia que ainda faltava alguma coisa, sentia que apesar de tudo, os meus estudos sobre eles ainda estavam incompletos. Por isso, fui ter com meu amigo Pedro, o inventor.
- Tens a certeza de que isto funciona? – disse eu. – Já a testaste?
- Não te preocupes, esta máquina do tempo vai levar – te direitinho à era mesocóica. – respondeu – me.
- Diz – se mesozóica, e não mesocóica!
- Como queiras, mas ouve lá, quantas vezes é que eu te deixei ficar mal?
- Humm … houve aquela….
Mas antes de poder acabar a frase, fui interrompido:
- Nenhuma vez. Agora, entra para ali. – disse o Pedro empurrando – me para dentro da máquina do tempo que se parecia mais com um frigorífico muito estranho.
- Tens a certeza de que vai funcionar? – perguntei um pouco desconfiado.
- Confia em mim.
- É disso que tenho medo.
- Não sejas assim. Vá, é agora. Boa sorte.
- Obrigado. Bem vou precisar.
Depois desta longa conversa, o Pedro começou a carregar numa data de botões e alavancas: alguns piscavam, outros faziam barulhos estranhos e outros faziam coisas tão estranhas que nem sei como explicar. E, de repente, houve um clarão de luz muito forte e só me lembro de ter acordado no meio de uma selva. Levantei – me e começei a andar. Parei junto a uma árvore a pensar, mas fui interrompido por uma voz muito fininha que vinha de trás de mim.
- Olá, tu és novo por aqui, não és?
Voltei – me…..
- AAAAAAAAAAA! – gritei.
Assustei – me tanto que me desequilibrei e caí para trás, mas ao ver melhor reparei que era apenas um dinossauro do tamanho de um franganote.
- Bolas, tu gritas demasiado alto.
- Tu… tu … - disse eu gaguejando.
- Eu….
- Tu….
- Diz de uma vez!
- Tu falas?
- Claro, todos nós falamos.
- Nós?
- Sim, os dinossauros.
- Incrível.
- Eu chamo – me Âmbar, sou um compsognato, e tu és de que espécie?
- Eu? Eu não sou um dinossauro, sou um humano, vim do futuro.
- Pois claro! E eu sou o maior dinossauro do planeta. Posso ser pequena, mas não sou burra.
- A sério!
- Então, prova - o.
- Como queiras. – disse com a voz um bocadinho trémula.
Comecei a ver nos bolsos se tinha trazido comigo alguma coisa, mas não encontrei nada. Olhei de relance para a Âmbar e lembrei – me que estava a usar o meu relógio novo.
- Boa, anda cá.
Ela, muito contrariada, veio ter comigo.
- Vês, não existe disto na tua época, pois não?
- Não. Convenceste – me. Então… vais ficar cá quanto tempo?
Entretanto, na garagem do Pedro, ou melhor, no seu “ laboratório” (como ele lhe costuma chamar):
- Consegui, consegui, eu consegui enviar o Zé para o Futuro! – disse ele muito feliz.
Até que……
- Ora bolas. Esqueci-me de inventar uma maneira de o trazer de volta, será que ele já descobriu?
E, nesse momento, o meu sorriso desapareceu…
- Não, não, não!
- Que foi, o que aconteceu?
- O Pedro esqueceu – se de inventar uma maneira de eu voltar para casa…. - - disse eu preocupado e com lágrimas nos olhos.
Houve um momento de silêncio, eu e a Âmbar não sabíamos o que fazer.
- Bem, se vais ficar cá precisas de um sítio onde ficar – disse ela tentando animar-me.
- Tu tens casa?
- Oh… casa tinha, mas agora não tenho.
Capítulo2 – A Força Aérea dos Pteranodontes
- Então, porquê? – perguntei intrigado.
- Foi a Força Aérea.
- Existe uma Força Aérea?
- Ah, esqueci-me que não és desta época. A Força Aérea é formada por pteranodontes. Eles estavam fartos de ninguém ter medo deles ou nem sequer repararem quando eles passam, então formaram a F.A.P. e roubaram a minha casa atirando pedregulhos sobre mim.
- Pedregulhos?!
- Sim, disseram que se eu lhes desse a minha casa paravam, mas se não desse, continuavam.
- Mas como é que era a tua casa? Deve ser especial para eles a quererem.
- A minha casa é dentro de uma árvore oca, tinha uma cama, muito parecida com um ninho, feita de paus e de erva fofa, perfeita para um pteranodonte pôr os ovos, e também era muito espaçosa, acho que foi por isso que ma roubaram.
Olhei para a Âmbar e vi como estava triste, então, decidi que tinha de fazer alguma coisa.
- Então, vamos recuperá – la!
- O quê? Mas isso é impossível! Eles vão bombardear-nos com pedregulhos tal como me fizeram.
- Mas eles não podem fazer isso e ficarem impunes. Anda, vamos ter com eles.
- Vai tu, eu fico aqui.
- Mas eu não sei onde fica a tua casa.
- Ah, pois… Então eu vou contigo, infelizmente.
Já estávamos perto da árvore oca quando a Âmbar parou:
- A minha casa fica ali, atrás daquela árvore. Eu fico aqui à espera, isto é, se não te importares? – disse ela com uma voz desanimada.
- Eu não me importo, se tens medo podes ficar aqui, mas eu prometo que não vou desistir de tentar recuperar a tua casa.
- Obrigada.
E lá fui eu, confiante, com coragem na alma, até que... passei pela árvore que a Ambâr tinha indicado.
- Cruzes! Nunca vi tantos dinossauros juntos – disse eu, mas lembrei-me do que tinha prometido à Ambâr.
E, sendo assim, avancei. Mas mal dei um passo ouvi:
- INTRUSO, INTRUSO, DESCARREGAR BOMBAS!
- Esperem, esperem! – disse tapando a cabeça com os braços pensando que ia começar a chover pedregulhos. – Eu quero falar com vosso chefe.
Para meu espanto, não aconteceu nada, levantei o olhar e vi um pteranodonte à minha frente.
- O QUE É QUE QUERES DA NOSSA CHEFE?
- Primeiro, podes parar de gritar? Acho que estou a ficar surdo.
- Oh, desculpa.
- Deixa lá. Bom, continuando, o que eu quero da vossa chefe é confidencial.
O pteranodonte olhou para mim como quem não quer a coisa e disse:
- Segue – me.
E, assim, foi, eu segui-o. Admito que fiquei com um bocadinho de medo, mas tinha que o superar.
- Chefe, está aqui um dinossauro muito estranho que quer falar consigo, mando- -o entrar?
- Sim. – disse uma voz grossa e imponente.
Entrei….
- Bom dia… - disse timidamente.
- O que é que queres?
- Bem, Senhora chefe da F.A.P. … Eu queria saber se podia devolver esta casa a quem a roubou …
- Tu vieste aqui para gozar comigo? – disse ela no meio de duas gargalhadas estridentes.
- Não.
- Tu ainda não percebeste? Nós somos conhecidos por roubar.
- E é por isso que querem ser reconhecidos?
- Como assim? – disse ela coçando o bico.
- Não preferiam ser reconhecidos pelos vossos actos de simpatia ou de ajudar outros dinossauros?
- Nunca tinha pensado nisso …
- É melhor que ser reconhecido por roubar, certo? – disse eu com expectativas.
- Certo. Mas e agora o que é que eu faço com todas as coisas que roubei?
- É fácil, basta devolvê - las.
- E depois? – disse ela confusa.
- Depois começas por tornar a F.A.P. numa coisa boa, ou seja, uma coisa de que ninguém tenha medo.
- Acho que já percebi! – esboçou um sorriso. – E vou começar por devolver esta casa.
- Eu posso entregá-la à dona.
- Obrigada. Agora acho que é melhor tapares os ouvidos.
- Porque é que eu tenho que …
Mas antes de acabar a frase, foi interrompido:
- RETIRAR TROPAS! VOLTAR PARA CASA VERDADEIRA!
- Acho que já percebi… - disse eu ainda atordoado.
E, num piscar de olhos, todos os pteranodontes levantaram voo. Eu voltei para trás para contar a novidade à Ambâr, mas quando cheguei ao sítio onde tínhamos ficado não a vi.
- Onde é que ela foi.
De repente, senti um puxão nas calças. Olhei para baixo…
- Âmbar! O que é que fazes aí em baixo?
- O que é que te parece! Estou – me a esconder dos pteranodontes, eles levantaram voo.
- Isso foi porque eles voltaram para a verdadeira casa, e vão devolver tudo aquilo que roubaram.
- Então… quer dizer que eu tenho a minha casa de volta?! – disse ela toda entusiasmada.
- Sim.
- Maravilhoso, fantástico, incrível. Muito obrigado, Zé!
Capítulo3 – À procura de comida
- Uau. A tua casa é muito espaçosa, até eu consigo caber aqui – disse eu ao deitar – me no chão ao lado da cama da Âmbar.
- É verdade. Olha, quando nos conhecemos tu falaste num Pedro, quem é ele? – disse ela bocejando.
- O Pedro é um amigo meu do futuro. E foi ele que me mandou para aqui.
- Hum… Ok. Agora vamos dormir, já é tarde. Boa noite, Zé.
- Boa noite.
Mais tarde, ainda nessa noite...
- Zé … estás acordado?
- AHHH … que foi?
- Sabes, não quero ser má, mas ainda bem que não te foste embora e agradece ao Pedro, quando chegares.
- Porquê?
- Porque sem ti, nunca tinha recuperado a minha casa, e não sei bem porquê, mas eu sinto que já te conheço há tanto tempo!
- Isso normalmente acontece quando dois amigos têm um laço muito forte que os une.
- Óptimo! Agora é melhor dormirmos. Amanhã temos muito que fazer.
Entretanto, na garagem do Pedro:
- Eu não posso dormir! Tenho que pensar. Pensar numa maneira do trazer de volta. Eu… tenho que…. ZZZZZZzzzz!
No dia seguinte, eu estava a ter dificuldades em acordar:
- Zé, acorda! – gritou – me a Âmbar aos ouvidos.
- Só mais cinco minutos mamã, depois vou para a escola.
- Eu não sou tua mãe e também não sei o que é uma escola, mas sei o que daqui a pouco vai estar na tua cara.
- Pronto, pronto... AHHH… Já acordei não é preciso usar violência.
- Boa, agora levanta-te porque temos que ir procurar comida.
- O quê? Mas tu não tens comida?
- Bem, digamos que acabou. Agora, preferes peixe, erva ou carniça?
- Isso pergunta - se? Peixe, é claro!
- OK! Então vamos até á praia para pescar.
Quando lá chegamos, eu vi uma das coisas mais bonitas que já vi: um mar tão azul como uma safira, rochas das mais variadas formas, conchas de várias cores ao longo da costa e peixes com um ar delicioso, apesar do aspecto bizarro.
- Bem, já sabemos onde estão os peixes, mas como é que os vamos pescar? – disse a Âmbar ao mesmo tempo que o seu estômago rugia reclamando que ainda não tinha tomado o pequeno almoço.
- Já sei! Usamos uma cana de pesca.
- Boa! O que é uma cana de pesca?
- Uma cana de pesca é um pau com um fio, que na ponta tem um anzol e isco para atrair o peixe.
- E onde é que arranjamos uma coisa dessas?
- Arranja uma corda ou um fio ou, então, uma liana bem forte que eu trato do resto.
Passado um bocado, já a Âmbar me tinha dado uma liana, eu tinha arranjado um pau comprido e uma minhoca.
- Vês, isto é que é uma cana pesca. Agora é só atirar a minhoca para o mar e esperar que o peixe morda a liana.
- OK. E isso vai demorar muito?
- Depende, olha, eu vou subir para aquela rocha ali com uma espécie de espinhos para ver melhor onde estão os peixes.
Subi para a rocha, e ao sentar - me ela começou a tremer.
- QUEM É QUE SE ATREVE A INTERROMPER A MINHA PESCA?!
- Es … es …. Espinossauro! – gritei.
- QUEM?! – disse o espinossauro pondo – se de pé.
SPLASHH
Ouviu – se enquanto eu caia na água.
- Zé! – gritou Âmbar correndo para a água.
- Uahhh! Espinossauro, espinossauro! – disse eu pondo a cabeça de fora, tentado ir para a margem.
- Âmbar? És tu? – disse o espinossauro de repente.
- Marco?
- Há quanto tempo, não é?
- Sim, o que é que fazias curvado dentro de água? – disse Âmbar sorrindo.
- Espinossauro… assustador… - disse eu chegando, sem fôlego, à margem.
- Oh, Zé! Este é o Marco, um velho amigo meu.
- Desculpa lá pequenote, não te queria assustar.
- Não querias, mas conseguiste fazer-me molhar as calças, e olha que não é água! – disse ainda com o coração aos pulos.
- Bem, o que é que eu posso fazer para te compensar?
- Não me podes comprar um relógio novo … portanto …Já sei! Podes apanhar peixe para nós, que achas, Âmbar?
- Parece - me bem – disse ela.
- Então, que assim seja. – disse o Marco virando – se para o mar.
Passado um bocado, já o Marco tinha apanhado meia dúzia de peixes e eu já tinha um na boca.
- Tens a certeza… de que não … queres peixe, Âmbar? – disse eu no meio de duas trincas no peixe que estava a comer.
- Deixa estar, eu prefiro carne.
- Bem, eu vou continuar a pescar – disse o Marco.
- E nós vamos à procura da carne para a Âmbar tomar o pequeno-almoço.
- Boa! Adeus, Marco! – disse a Âmbar pondo – se de pé.
- Adeus pessoal. E prazer em conhecer – te Zé.
- Adeus! – disse eu correndo atrás da Âmbar que estava com um bocadinho de pressa ( um bocadinho é favor).
Depois de ter passado um bocado a correr atrás da Âmbar, disse:
- Pára um bocadinho!
- Vá lá, já não falta muito.
- Para onde? – disse com receio.
- Bem… existe um dinossauro que tem carniça do melhor que se pode encontrar, só há um problema.
-Qual? – disse eu hesitando.
- É que esse dinossauro é… um tiranossauro.
- O quê?! Eu não me vou suicidar!
- Vá lá, faz isto por mim, por favooor. Sim? – disse ela suplicando.
- Está bem. – respondi (muito contrariado).
- Boa. Ele vive ali – disse ela apontando para uma caverna.
- Tem mesmo um ar acolhedor…
- O plano é o seguinte…
- Vamos morrer! – disse eu interrompendo – a.
- Não, não vamos. Continuando… tu entras na caverna e atrai – lo cá para fora, eu entro e roubo a carniça.
- OK, só mais uma coisa, foi um prazer conhecer-te.
- Pára com isso! Agora, vai lá.
Fiz o sinal da cruz e lá fui eu. Entrei na caverna cautelosamente, mas não fiquei muito tempo: passado um bocado estava eu a sair da gruta a correr e a gritar ( é verdade eu grito como uma menina) enquanto um tiranossauro corria atrás de mim.
Entretanto, Âmbar esgueirou – se para dentro da gruta, pegou num pedaço de carniça e saiu a correr. Eu, infelizmente, andava ali a correr de um lado para o outro com uma boca cheia de dentes a crer provar o meu sabor.
- Zé, depressa, esconde – te, já a tenho! – gritou a Âmbar.
Eu, por pouco, não perdi uma perna (ou mais), porque rapidamente, quando o tiranossauro se distraiu com o grito da Ambâr, saltei para um arbusto e escapei.
- Tu és louca. Eu nunca, mas nunca mais volto a fazer isto! – disse eu sentando – me.
- Obrigada, Zé. Agora já estamos em segurança, ele voltou para casa.
- Pois…
- Que é que tens? – disse ela tirando a carniça da boca.
- Bem, agora que tu falaste em casa eu lembrei – me da minha.
- Oh!....
- Âmbar…
- Que é?
- Como é que eu volto para casa? – disse eu baixando a cabeça.


Ana Lúcia

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